Por Raisa Toledo
Qual é o som do espaço? Para muita gente, o palpite seria “silêncio”. Temos a percepção de que, por causa do vácuo, as ondas sonoras não podem se propagar na vasta imensidão do universo. Mas, segundo a Nasa, agência espacial americana, que divulgou o som emitido por um buraco negro, a ideia é equivocada.
Isso porque, apesar de o vácuo existir na maior parte do espaço, nem todos os lugares são dominados por ele. “Um aglomerado de galáxias tem tantos gases que conseguimos captar áudios”, explicou a agência em post nas redes sociais que usou para a divulgação. Para soar desta forma, o áudio obtido foi amplificado e misturado a outros dados. Ouça aqui.
Em resposta a um internauta que perguntou se algum tipo de edição foi feita para dar ao som seu caráter “sinistro”, a Nasa explicou que não foi feito nada com esse propósito. Mas, como o áudio precisou ser muito amplificado e alguns outros sons que o integram são interpretados a partir de dados atribuídos a um espectro de luz, esse é o resultado final.
O processo é chamado de sonificação, que consiste justamente em converter outros tipos de dados – neste caso, os astronômicos -, em áudio sem falas. “Um dos motivos para criarmos esse tipo de sonificação de dados é o nosso desejo de compartilhar essa ciência com mais pessoas”, comentou a agência espacial.
Em 2003, as primeiras ondas sonoras foram detectadas em torno do buraco negro no aglomerado de galáxias Perseu pelo Observatório de raios-x Chandra, um telescópio espacial. Os astrônomos descobriram que as ondas de pressão enviadas pelo buraco negro causavam ondulações no gás quente das galáxias, que poderiam ser traduzidas em uma nota inaudível para o ouvido humano.
Para transformar o áudio captado no buraco negro no som do vídeo de divulgação, as ondas sonoras foram ressintetizadas e aumentadas em 58 oitavas – o que significa que estão sendo ouvidas em uma frequência 144 quatrilhões e 288 quatrilhões mais alta que a original.
Além desse buraco negro, a Nasa também já divulgou a sonificação de um localizado no centro da galáxia M87. Ela conta com sons obtidos a partir de dados ópticos, de ondas de rádio e de raios-x capturados por telescópios espaciais variados, como o Chandra, o Hubble e o Atacama Large Milimiter Array (Alma), no Chile.
(AE)