Até 2020, os transtornos emocionais, especialmente transtornos de ansiedade e depressão, eram as principais causas de sobrecarga global relacionada à saúde. Após o surgimento da pandemia Covid-19, tanto a depressão quanto a ansiedade aumentaram mais de 25% no mundo segundo pesquisa publicada no jornal médico The Lancet. Foram avaliados 204 países e territórios, e o resultado final mostra que, em 2020, a depressão aumentou 28%, enquanto a ansiedade cresceu 26%.
Segundo o médico psiquiatra Cyro Masci, o isolamento, o temor de contaminação, as pressões financeiras, além de diversas dificuldades no ambiente familiar e profissional, formaram um conjunto de estressores muito forte. “Essa sobrecarga estimulou excessivamente os mecanismos de defesa do cérebro, criando um ambiente propício para vários transtornos psiquiátricos”, diz ele.
O tratamento precoce, instituído o mais cedo possível, é sempre desejável em qualquer problema de saúde, inclusive os transtornos emocionais. Para Cyro Masci, “existem alguns sinais de alerta que um médico psiquiatra pode ser consultado para esclarecer o diagnóstico e estabelecer tratamento o mais cedo possível’. O psiquiatra resume em 6 grandes grupos de alerta que sugerem a necessidade de procurar ajuda:
1. Dificuldade em controlar as emoções “Todos nós temos momentos de tristeza, preocupação ou raiva, esses são sentimentos normais na vida. No entanto, esses momentos não podem persistir no tempo o ser de tal intensidade que parecem estar saindo do controle, afetando os relacionamentos com as pessoas, o trabalho ou a sensação de bem-estar. Não é para se conformar com o sofrimento ou achar que deve resolver tudo sozinho, é sinal de maturidade procurar auxílio nessas circunstâncias”, alerta Cyro Masci.
2. Não é preciso sofrer sozinho. Masci explica que “desafios e problemas dolorosos na vida são universais, mas algumas vezes provocam um grau de sofrimento que requer ajuda. Esses problemas podem ser pessoais, como a perda de uma pessoa querida, enfrentar uma doença, estar com dificuldades no trabalho ou pessoais. Às vezes o problema nem é com a pessoa, mas com outros que são próximos. Nunca se sinta envergonhado em pedir ajuda nessas situações’.
3. Substâncias que embotam as emoções. Para Cyro Masci, ‘o uso abusivo de álcool ou drogas pode ter aumentado na pandemia, tanto para gerar alguma sensação de energia, quanto para embotar algumas emoções. Ou apenas para gerar prazer. Se esse uso interferir no trabalho, nas relações pessoais, ou apenas nas emoções, é necessário procurar ajuda”.
4. Períodos de dúvida nas decisões “Escolhas, muitas vezes difíceis, fazem parte da vida. Se está ocorrendo dificuldade no enfrentamento de mudanças, é necessário tanto uma visão imparcial de alguém externo à situação. O psiquiatra também pode ser procurado para auxiliar facilitando o funcionamento do cérebro, sendo possível modular as áreas do sistema nervoso que podem contribuir para as tomadas de decisão e também do vigor, ânimo e disposição para o enfrentamento necessário”, Masci esclarece.
5. Doenças físicas inexplicáveis Cyro Masci explica que “os transtornos psicossomáticos, que têm origem ou são fortemente influenciados pelas emoções, são parte das situações que um médico psiquiatra aborda. Dores crônicas, doenças gastrointestinais ou alergias que não encontram explicação nos exames habituais, ou que claramente são influenciados pelos sentimentos e emoções podem ser abordados pelo médico psiquiatra”.
6. Desesperança total. “Se você, ou uma pessoa próxima, sente que a vida perdeu o sentido, que nada mais vale a pena, que o futuro não tem nenhuma esperança, que o melhor seria estar morto, é imprescindível procurar ajuda. Nessas circunstâncias, a angústia é enorme e impede a tomada racional de decisões de vida ou morte. Procure ajuda imediatamente”, enfatiza Masci.
Para Cyro Masci, “durante muito tempo o preconceito com relação à psiquiatria dificultou a busca por ajuda, o que mudou com o tempo e esclarecimento. A psiquiatria é uma especialidade médica, que aborda os transtornos emocionais, mentais e de comportamento em seus múltiplos aspectos. Os medicamentos psiquiátricos convencionais fazem parte do arsenal do psiquiatra, mas muitas outras medidas podem ser adotadas em paralelo ou em substituição a esses fármacos, como psicoterapia, fitoterapia, nutrientes ou orientação para mudanças no estilo de vida. O importante é não se conformar com o sofrimento e procurar ajuda sempre que for necessário”, finaliza. (AE)
- Cyro Masci é médico psiquiatra e atua em São Paulo com abordagem integrativa, unindo a medicina convencional com diversas formas de tratamento não convencionais.
Site: www.masci.com.br
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