O Paysandu recebeu a Ferroviária (SP) e fez um jogo de time de camisa pesada, um jogo de time grande. Quando se sofre um revés, no primeiro tempo, é preciso superar — e esse time superou, com garra, determinação e muita disciplina tática.
Depois de um primeiro tempo em que a chuva foi a verdadeira protagonista, a Ferroviária aproveitou um dos poucos lances em que conseguiu finalizar. Foi uma etapa em que o Paysandu foi amplamente superior, mas não fez o que o adversário conseguiu: colocar a bola no fundo do gol. Assim, a Ferroviária achou seu gol, e o Paysandu, injustamente, terminou o primeiro tempo atrás no placar.
Mas tudo mudou no segundo tempo, e isso começou com Marlon. O atacante marcou um belo gol, dando um gás interminável à equipe, que não parou de buscar a virada. Logo depois, o veio o segundo tento e a partida, levando a Fiel à loucura.
Após a virada, o jogo virou um verdadeiro fogo cruzado, mas o Papão conseguiu segurar o placar. Fica evidente o excelente trabalho de Claudinei Oliveira. O treinador simplesmente transformou o Paysandu: deu uma nova identidade à equipe e organizou um time com poucas brechas para o adversário crescer.
O Papão, enfim, deixou a lanterna e começou a competir. Bem-vindo à Série B, Paysandu. Mesmo na última colocação, o Paysandu recebeu a Ferroviária, um time perigoso. O Lobo vinha de duas vitórias seguidas, incluindo o clássico contra o Remo no último jogo. O confronto aconteceu nesta segunda-feira (30), no estádio da Curuzu, em Belém, e foi válido pela 14ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro.
Dilúvio e adversidade
A partida começou sob um verdadeiro dilúvio na capital paraense, deixando o gramado repleto de poças d’água e dificultando bastante a prática do futebol. A bola parava o tempo todo, e a dúvida era saber qual das duas equipes conseguiria se adaptar mais rapidamente a essa condição.
Com as poças sendo protagonistas, a Locomotiva teve o primeiro grande momento da partida. Aos 11 minutos, depois de uma guerra no meio-campo entre jogadores e a água, a bola sobrou para Thiago Lopes, que ficou cara a cara com Gabriel Mesquita. O atacante finalizou no cantinho, mas a bola caprichosamente bateu na trave. Um susto na Curuzu.
A resposta do Paysandu veio aos 15. O atacante Diogo Nogueira foi lançado, o camisa 9 ficou frente a frente com o gol, mas, ao ajeitar para a finalização, a bola ficou presa e a poça d’água “desarmou” o centroavante bicolor.
O time se animou e, aos 23 minutos, chegou de novo. Depois de uma roubada de bola de Diogo Oliveira, a redonda sobrou para Garcez, que invadiu a área e bateu cruzado. O goleiro da Ferroviária espalmou, mas ninguém do Paysandu apareceu para completar. O gol parecia estar amadurecendo.
Com a chuva diminuindo e o gramado melhorando, o futebol de Garcez começou a aparecer. O camisa 10 foi lançado pela esquerda, passou com facilidade pelo zagueiro, ficou de frente para o gol e finalizou — mas o arqueiro da Locomotiva mandou para escanteio. O Paysandu mandava no jogo.
Mas o futebol não é justiça, é bola na rede. Aos 41 minutos, após cobrança de escanteio, a redonda chegou a Tárik, que desviou e matou Gabriel Mesquita. Gol da Ferroviária: 1 a 0. Papão no prejuízo.
Fim da primeira etapa. O Paysandu foi muito melhor, dominou as ações e teve a posse de bola, mas faltou o que o adversário teve: o gol. A equipe foi para o intervalo sob aplausos da torcida.
Volta por cima
O segundo tempo começou, e a chuva voltou. Com a bola rolando, o cenário permaneceu: o Paysandu pressionava em busca do empate, enquanto a Ferroviária tentava se segurar e apostar nos contra-ataques.
Aos 19 minutos, o primeiro ato de justiça no jogo. Depois de uma blitz do Papão, a bola sobrou para Marlon, que mandou um foguete no canto. Sem chances para o goleiro. Golaço. 1 a 1. A Curuzu, lotada, explodiu.
Mas a justiça não veio pela metade. Empolgado com o empate, o Paysandu manteve o ritmo. A Ferroviária, por sua vez, apenas assistia ao Lobo jogar.
E o Lobo estava faminto, sentindo o cheiro do sangue paulista. Aos 22 minutos, Marcelinho recebeu um cruzamento e tratou a bola como se fosse o amor da sua vida: matou no peito e, com categoria, mandou um balaço no canto. Denis só olhou. Uma pintura. Virada bicolor: 2 a 1.
Depois disso, a Ferroviária finalmente resolveu jogar, e o confronto virou um duelo insano — um verdadeiro tiroteio de ataques. Mesmo com as poças novamente interferindo, o jogo foi eletrizante até o fim.
o final ninguém piscou. O Paysandu mereceu a vitória: jogou para vencer, com atitude, entrega e coragem. Claudinei Oliveira segue sendo o grande nome dessa virada. O técnico mudou o Paysandu da água para o vinho, e agora o Papão está vivo na Série B.
RAIO X DA PARTIDA
Local: Estádio Leonidas Castro (Curuzu)
Juiz: Jefferson Ferreira de Moraes (CBF/GO)
Assistentes: Victor Hugo Imazu dos Santos (FIFA/PR) e Brigida Cirilo Ferreira (FIFA/AL)
Quarto árbitro: Wanbelton Lisboa Valente (CBF/PA)
VAR: Rodrigo Nunes de Sá (FIFA/RJ)
Cartão Amarelo: Thalisson (PSC) | Ronaldo Alves, Albano, Juninho e Edson Lucas (FER)
Gols: Marlon (aos 19) e Marcelinho (22), do segundo tempo; Tárik, aos 43 do primeiro tempo
Paysandu: Gabriel Mesquita; Luan, Thalisson (Bryan Borges), Novillo (Thiago Heleno), Reverson; Anderson Leite, Ronaldo, Marlon (André Lima); Diogo, Garcez e Vinni Faria (Marcelinho).
Técnico: Claudinei Oliveira.
Ferroviária: Denis; Lucas, João, Ronaldo, Edson, Alencar, Tárik, Thiago Lopes (Kevin), Albano (Ronaldo), Juninho (Igor Bolt) e Carlão (Quirino).
Técnico: Vinicius Bergantin.
MELHORES MOMENTOS E GOLS: