Adriana Smith, enfermeira de 30 anos, será oficialmente declarada morta nesta terça-feira (17), quatro dias após o nascimento prematuro de seu filho, mantido vivo por leis antiaborto da Geórgia– EUA
Uma mulher com morte cerebral foi mantida viva por três meses com suporte de aparelhos para realizar um parto, em um caso que reacende o debate sobre as rígidas leis antiaborto nos Estados Unidos. Adriana Smith, enfermeira de 30 anos, foi declarada com morte cerebral em fevereiro, no estado da Geórgia, após sofrer coágulos sanguíneos no cérebro. Grávida de cerca de seis meses na época, ela teve seus sinais vitais artificialmente mantidos até que o bebê pudesse nascer. O caso foi publicado pelo extra.globo
A cesariana de emergência foi realizada na última sexta-feira (13), quando o bebê, chamado Chance, nasceu prematuro, pesando apenas 830 gramas. Atualmente, ele está internado na UTI neonatal, em estado delicado.
A mãe de Adriana, April Newkirk, confirmou que a filha será finalmente retirada dos aparelhos nesta terça-feira (17), quatro dias após o parto. “É difícil de processar. Eu sou mãe dela. Não deveria estar enterrando minha filha. Minha filha é quem deveria me enterrar”, desabafou April.
Segundo April, os médicos alertaram que Chance pode enfrentar sérias complicações devido às condições em que foi gestado. “O neto pode ser cego, não conseguir andar ou até mesmo enfrentar dificuldades para sobreviver”, afirmou, emocionada.
Durante os três meses em que Adriana foi mantida em suporte de vida, a família se manifestou publicamente contra a decisão, alegando que ela não teria desejado prolongar sua vida dessa forma. No entanto, a lei estadual dificultou qualquer decisão alternativa.
A legislação em vigor na Geórgia, conhecida como LIFE Act, proíbe o aborto assim que é detectado o batimento cardíaco fetal — o que ocorre geralmente por volta da sexta semana de gestação. A lei não trata especificamente de casos em que a gestante é declarada com morte cerebral, o que levou o hospital e as autoridades a manterem Adriana viva por meios artificiais até o nascimento do bebê.
Adriana completaria 31 anos neste fim de semana. Ela também deixa outro filho, um menino de 7 anos.