Após uma internação de 27 dias no Hospital Ophir Loiola, diagnosticada com leucemia, a jovem Lueny Amanda Oliveira França, 27 anos, morreu no dia 1º de novembro de 2019. A mãe dela, Graciete Oliveira, técnica em radiologia, porém, responsabiliza o Hospital Ophir Loyola pela morte da filha. Ela fez denúncia ao Conselho Regional de Medicina (CRM), Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) e Defensoria Pública do Estado. O MP mandou a polícia abrir inquérito para investigar o caso.
Em denúncia encaminhada ao CRM, a técnica acusa as médicas Lorena S. Pantoja, “pela insistência em uma conduta sem sucesso”, Hatsume, “já mencionada na primeira denúncia” e Graça Lourinho, “que a recebeu na UTI no dia 01 de novembro de 2019”, e por ter havido “infração a artigos do Código de Ética Médica, conforme atendimento ocorrido no Hospital Ophir Loiola, de 07 de outubro a 01 de novembro de 2019”.
Ela afirma que no dia 07 de outubro, a filha Lueny França foi transferida da Santa Casa de Misericórdia, para o Ophir Loiola, diagnosticada com leucemia e para começar tratamento oncológico realizou dissecção venosa na enfermaria. Ocorre que quem estava realizando o procedimento não conseguiu e ainda assim insistiu em várias tentativas, mesmo estando a paciente com plaqueta baixa.
De acordo com Graciete, a filha recebeu a primeira dose de quimioterapia no dia 14 de outubro, evoluindo muito bem, mas no dia 24, a paciente ficou com o abdome distendido, queixando-se de dor abdominal intensa. A médica Lorena Pantoja, segundo a técnica, passou duas medicações, lactulona e bisacodil.
Dia 31 de outubro, conforme a denúncia, véspera de seu óbito, Lueny começou a sentir-se mal com desconforto respiratório, mal-estar geral e sangramento via oral, com o coração acelerado. “A enfermeira de plantão tentou realizar um eletrocardiograma, sem sucesso, pois o aparelho não funcionou e, questionada sobre o médico, ela só me respondeu que ele fica na UAI, e só sai em extrema urgência e que o médico da UTI não pode sair”.
A paciente não conseguiu mais urinar no decorrer da noite, sentindo muitas dores, passando a noite em claro. Pela manhã, a médica Hatsume resolveu mandá-la para a UTI, alegando que lá era o melhor lugar para a paciente, afirma a mãe.
“Quando conversei com a médica do plantão da UTI, Graça Lourinho, a mesma me disse que lá não se cura câncer e que a médica que acompanhava era culpada pelo estado crítico, pois deveria ser feito uma lavagem via retal”, prossegue.
Graciete disse que retornou à UTI as 15:30 e encontrou a filha agonizando e perguntou por que uma paciente com desconforto respiratório grave não foi entubada e nem sedada. “Ela não recebeu cuidados intensivos e quando fui falar com a médica da UTI, a mesma me disse que o caso dela era gravíssimo. E eu pergunto: por que deixaram evoluir tão mal, e agonizar até a morte?”, questionou a técnica.
Para Graciete, levaram a filha dela para a UTI “para amenizar a situação das médicas Hatsume, e Lorena, que são as residentes que acompanham os pacientes internados, são recém-formadas e não têm experiência para cuidar de pacientes dessa gravidade”. Após a entrada na UTI a paciente evolui a óbito em menos de 5 horas.
MP manda Polícia Civil abrir inquérito
O Ministério Público do Estado informou ao Ver-o-Fato, por meio de sua assessoria de imprensa, que o pedido de apuração do fato deu entrada no MP em 11 de dezembro de 2019 e foi distribuído para a 1ª Promotoria de Justiça de Controle Externo da Atividade Policial. No dia 19 de dezembro, por meio de ofício, foi requisitado à Polícia Civil a instauração de inquérito policial. Após a conclusão, o inquérito será distribuído a uma das promotorias criminais da capital.
Hospital não responde
Desde a manhã de hoje o Ver-o-Fato tenta ouvir a versão dos dirigentes do HOL sobre as denúncias feitas pela técnica Graciete Oliveira. Após contato com a assessoria de imprensa do órgão, foi informado que haveria a manifestação. Contudo, até o fechamento desta edição da matéria, por volta das 18h30, nenhuma explicação – sequer nota – foi oferecida.
O espaço continua aberto.
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