Desde a Copa do Mundo de 2014, a Seleção do Brasil virou saco de pancada de qualquer adversário
Apresentando, desde a era Tite, um futebol de time de quarta divisão, não bastasse o péssimo desempenho da Seleção, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), há décadas, também virou fator de preocupação para o torcedor brasileiro. O alarido que grita agora, é o apadrinhamento de Gilmar Mendes, ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF), que pode emplacar o novo presidente da entidade que comanda o esporte mais rico e o predileto do brasileiro, um tal de Dr. Samir Xuad.
Joguete indigesto
É exatamente isso que o leitor leu. Gilmar Mendes, está apadrinhando Samir Xuad, para assumir a presidência da CBF, em eleição de chapa única, ou seja, sem chance de qualquer traço de democracia, após o afastamento do agora ex-presidente Ednaldo Rodrigues, determinado pelo desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), Gabriel de Oliveira Zeferino. E sabe quem assumiu interinamente o cargo? Fernando Sarney, filho mais velho do ex-presidente da República, José Sarney (MDB). Isso mesmo, a CBF, agora, virou joguete da justiça e da política. Num baião de dois indigesto.
Interventor
Sarney está na CBF desde 1998. Ele entrou na entidade como diretor de Relações Governamentais, embora seja formado em engenharia civil. Ganhou destaque por sua suposta “habilidade diplomática” —e, em 2015, assumiu uma cadeira no Comitê Executivo da Fifa, indicado por Marco Polo Del Nero, que havia renunciado ao posto.
Além de cargos nas gestões de Ednaldo Rodrigues, Sarney mantém alto cargo nas malfadadas administrações dos ex-presidentes: Ricardo Teixeira, Marco Polo Del Nero, José Maria Marin e Rogério Caboclo, figuras de triste lembrança.
Palavrão
Que democracia, que nada. Na CBF isso é palavrão. O presidente da Federação Roraimense de Futebol (FRF), Samir Xaud, deve ser o próximo chefe da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Ele foi o primeiro – e deve ser o único – a se inscrever para a disputa que acontece no dia 25, com o apoio de 25 federações e 10 clubes.
Regras draconianas e antidemocrática
O apoio maciço das entidades a Xaud inviabiliza a tentativa do presidente da Federação Paulista de Futbeol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, de se candidatar ao posto, já que, pelas regras da entidade, é necessário o endosso de ao menos oito federações estaduais para uma candidatura vingar. Como Xaud angariou apoio de 25 das 27 existentes no país — apenas as de SP e MT não o apoiaram —, chegar ao número tornou-se impossível para qualquer outro interessado em se candidatar.
Dissidente descartado
Dissidente dos mal feitos da CBF, Reinaldo Carneiro Bastos tinha conseguido o apoio de 32 clubes, ante 10 que preferiram Xaud, mas, neste caso, o regulamento prevê apoio mínimo de apenas cinco agremiações, o que, portanto, foi obtido por ambos. Entre os grandes do futebol brasileiro, Palmeiras, Botafogo, Vasco e Grêmio apoiaram o roraimense.
Balança batizada
O voto de cada uma das federações têm peso — como numa balança batizada, três nas eleições, contra peso dois dos 20 clubes da Série A e peso um dos 20 clubes da Série B. As federações têm, portanto, 81 pontos, contra 60 dos clubes.
Bastidor elege por antecipação
O esquemão das regras da CBF é uma indecência da cartolagem brasileira. A necessidade do apoio de um número mínimo de federações costuma travar candidaturas à presidência da CBF. As eleições para o comando da entidade têm candidato único desde 1989. É no sistema de compadrio com cartas marcadas.
Samir Xaud
O Dr. Samir Xaud “é filho do presidente, por quatro décadas, da Federação Roraimense de Futebol que, como se sabe, tem serviços inestimáveis prestados ao nosso futebol, assim como a federação das Ilhas Maldivas tem para o futebol mundial”, esclarece Juca Kfouri.
Um médico e tanto
O Dr. Samir Xaud é um cidadão cuja biografia não o enaltece nem como médico, acusado de fraude em hospital que dirigiu em Roraima —e suspenso por dois anos, como perito, porque em vez de fazer laudo sobre a perna de motoqueiro acidentado, fez sobre o braço.
Conclusão: Nós, torcedores, estamos muito bem na foto.
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