A esposa, os pais e uma das filhas do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deixaram o Brasil rumo aos Estados Unidos no último dia 30 de maio, segundo apuração do portal UOL. A viagem ocorre enquanto a Polícia Federal aprofunda investigações sobre uma possível tentativa de fuga por parte do militar, delator de destaque no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Segundo a defesa de Cid, a viagem da família teve como destino a cidade de Los Angeles, onde reside uma das filhas do militar. Os advogados alegam que não há qualquer impedimento legal que proíba a viagem dos familiares e que o deslocamento foi motivado por motivos pessoais e familiares.
A movimentação, no entanto, coincide com o avanço de apurações da PF que apontam possíveis esforços de Mauro Cid para deixar o país. A suspeita ganhou força após vir à tona que o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, teria tentado intermediar a obtenção de um passaporte português para o militar, em maio deste ano. Machado, aliado próximo de Bolsonaro, foi preso na manhã desta quinta-feira (13), no Recife, em decorrência da operação da PF.
Em nota enviada ao UOL na última terça-feira (11), Gilson Machado negou as acusações e afirmou que “jamais foi a qualquer consulado, inclusive o português”. Cid, por sua vez, confirmou que solicitou cidadania portuguesa em janeiro de 2023, dias após os ataques golpistas de 8 de janeiro. Segundo sua defesa, o pedido teria sido motivado pelo fato de sua esposa e filhas já possuírem a nacionalidade europeia.
Nesta manhã, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes chegou a determinar a prisão preventiva de Cid, mas revogou a ordem horas depois. No momento da decisão, o tenente-coronel já estava a caminho de um batalhão do Exército para cumprir a prisão — que seria sua terceira. A mudança repentina impediu a detenção.
Mauro Cid segue como peça-chave nas investigações da PF sobre a organização e financiamento de uma trama golpista com o objetivo de manter Bolsonaro no poder após a derrota nas urnas. Nesta quinta-feira, agentes federais cumpriram mandado de busca e apreensão na residência do militar. Ele presta novo depoimento à corporação em Brasília.
A evolução do caso mantém Mauro Cid no centro de um dos principais processos envolvendo figuras do alto escalão do governo Bolsonaro, e a nova rodada de investigações indica que o cerco jurídico e político ao entorno do ex-presidente segue se estreitando.