Com o caso nas mãos da justiça agrária de Marabá – vale lembrar que existe mais uma liminar de reintegração de posse que invasores, predadores ambientais e ladrões de madeira se recusam a cumprir -, os ataques à fazenda Mutamba já viraram carimbo de desobediência sistemática e desafiadora às leis. Para os bandidos, o direito à propriedade é potoca e nada vale, é um lixo.
De acordo com mais um boletim de ocorrência registrado na polícia de Marabá, na data de ontem, 23, o gerente da fazenda narrou que, por volta das 16 horas, quando transitava pelo interior da propriedade com quatro vaqueiros para recolher o gado, eles foram cercados por 20 homens em motocicletas. Armados, eles proibiram a passagem do gado.
Intimidados e ameaçados, o gerente e os vaqueiros tiveram que voltar para a sede da fazenda. Nesse momento, outros bandidos se juntaram à horda de invasores e, derrubando madeira, destruíram uma ponte e nela puseram fogo. Ou seja, o acesso à sede está bloqueado. E ainda roubaram 30 sacos da casa de sal da fazenda.
Essa situação persiste há anos, mas pirou nos últimos meses. A Justiça concede liminares, mas os invasores não cumprem e agem como se fosse os verdadeiros donos da área, numa completa inversão de valores e da própria lei, transformada em letra morta.
Vídeos repassados ao Ver-o-Fato demonstram a realidade de uma região onde a reserva legal da Mutamba, uma das últimas florestas remanescentes em Marabá, é sistematicamente destruída sem que autoridades estaduais tomem medidas concretas.
Isso tudo ocorre em meio aos discursos supostamente ambientalistas de preservação da Amazônia do governador Helder Barbalho, preparando o estado para a COP-30, em novembro do ano que vem.
O governador não faz o dever de casa, de proteger as florestas paraenses, mas dana-se a falar em mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável. Enfim, um festival de hipocrisias.
Os invasores atearam fogo em uma ponte de acesso à sede da fazenda
Após o ato de roubo e vandalismo na propriedade, os criminosos foram embora, demonstrando desprezo pelas leis e sob total impunidade
Retirada suspensa, justiça avalia
Vamos entender como está o caso. Durante uma sessão crucial da Comissão de Mediação de Conflitos Agrários do Tribunal de Justiça do Pará, foi decidido que seria realizada uma visita técnica à Fazenda Mutamba, no último dia 11. Este encontro tinha como objetivo averiguar as condições no terreno, após relatos de devastação ambiental e violência na propriedade, que está atualmente coberta por decisão judicial de reintegração de posse.
A reunião, provocada por um ministro do Supremo Tribunal Federal, Cristiano Zanin, tratou de questões sensíveis, incluindo o destino das famílias que ocupam a área, que devem ser realocadas antes da execução da liminar de reintegração de posse em favor da família Mutran, proprietária legítima do terreno.
A fazenda tem sofrido com invasões por ladrões de madeira e predadores ambientais que, além de devastar a reserva florestal, têm cometido atos de roubo e abate de gado.
Participaram da reunião representantes legais das partes, a Promotoria de Justiça, a Defensoria Pública, o Instituto de Terras do Pará (Iterpa) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que discutiram a situação e contribuíram com informações sobre a ocupação e a logística para a visita. O magistrado responsável pela comissão enfatizou a importância de entender a dinâmica local e as condições de vida das famílias envolvidas, incluindo a presença de crianças e idosos, para garantir que a ação seja conduzida de maneira justa e humana.
A decisão pela visita técnica segue diretrizes nacionais e locais sobre o tratamento de conflitos fundiários, visando não apenas resolver a disputa legal, mas também promover a conciliação entre as partes. O evento será estritamente organizado para evitar aglomerações e garantir a segurança de todos os envolvidos, com participação limitada a dois representantes por instituição.
A secretaria da comissão foi instruída a preparar toda a logística necessária, incluindo segurança, transporte e comunicação com o juízo de origem do processo. A visita não se confunde com uma inspeção judicial, mas é uma medida que amplia a compreensão do caso, possibilitando um tratamento mais adequado do conflito.
Essa mobilização da Comissão de Mediação de Conflitos Agrários destaca a seriedade com que o Tribunal de Justiça do Pará está tratando o caso da Fazenda Mutamba, em meio a crescentes preocupações com a segurança nos presídios do estado e o chamado para uma manifestação pública do governador Helder Barbalho sobre as questões de segurança e justiça social na região.
VEJA O BO DO VANDALISMO, ONTEM ,23
