Em meio a um cenário de devastação e violência, a Fazenda Mutamba, localizada no Pará, tornou-se palco de um crime ambiental que expõe a fragilidade do discurso de uma Amazônia sustentável defendido pelo governo Helder Barbalho. Bandidos armados têm incendiado florestas quase diariamente, roubado madeira, matado gado e aterrorizado os 40 funcionários da propriedade, enquanto a Delegacia de Conflitos Agrários permanece inerte diante da escalada de conflitos na região.
“Minha preocupação é permanente e já fiz tudo o que está ao meu alcance, seguindo a lei, mas não há respostas da polícia e do governo estadual. Das 40 pessoas que trabalham na fazenda há 8 crianças pequenas. Os invasores matam gado todos os dias, parte do rebanho está sem alimentação e os bezerros também estão morrendo. A quem devo apelar para que não comecem a matar pessoas?”, pergunta o dono da propriedade, Sérgio Mutran.
O incêndio na Fazenda Mutamba não é um episódio isolado, mas um sintoma alarmante da impunidade e do desrespeito às leis ambientais que reinam no Pará. Este cenário contrasta de maneira gritante com as promessas de uma gestão comprometida com a preservação da Amazônia, que o governo estadual tenta projetar para o mundo, especialmente em eventos internacionais como a COP 30, marcada para ocorrer em Belém.
O que se vê, na prática, é uma dissonância cognitiva entre o discurso oficial de sustentabilidade e a realidade brutal que domina o interior do estado. A omissão das autoridades diante da destruição ambiental em curso revela um governo incapaz de proteger suas florestas e sua população, enfraquecendo qualquer credibilidade que o Pará possa ter em liderar discussões globais sobre o clima e a conservação.
A COP 30, que deveria ser uma vitrine para os esforços de preservação da Amazônia, corre o risco de se tornar uma farsa, uma cortina de fumaça que encobre a verdadeira situação ambiental da região. Enquanto líderes discutem metas climáticas e soluções sustentáveis, no Pará, criminosos continuam a agir livremente, destruindo a floresta e espalhando o medo.
A ausência de uma resposta eficaz do governo Helder Barbalho e das autoridades locais, como a Delegacia de Conflitos Agrários, não apenas alimenta a sensação de impunidade, mas também descredencia a narrativa de um Pará comprometido com a proteção ambiental. Este contraste entre o que é dito nos palcos internacionais e o que é vivido no solo amazônico deve servir como um alerta sobre a seriedade com que a questão ambiental é tratada no estado.
É imperativo que, diante da COP 30, o governo estadual reveja suas ações e estratégias, passando do discurso à prática efetiva de combate ao desmatamento e à violência agrária. Caso contrário, a credibilidade do Pará e do Brasil no cenário internacional estará profundamente comprometida, deixando claro que a luta por uma Amazônia sustentável está longe de ser uma realidade.
VÍDEO DO INCÊNDIO:
A reserva florestal da fazenda, onde novo incêndio registrado nesse começo de semana. Autoridades dormem o sono da omissão
FLAGRANTE DE UM DOS LÍDERES DOS DEPREDADORES: