A organização criminosa que vem devastando a fazenda Mutamba, em Marabá, voltou a atacar hoje, 14, numa demonstração de que o crime no Pará opera sem restrições. Armados, os criminosos dispararam contra um veículo da empresa contratada nos últimos dias para fornecer segurança à propriedade, onde trabalhadores tentam proteger as terras, os animais e as próprias vidas.
Os tiros atingiram os vidros do carro e, por pouco, não feriram gravemente seus ocupantes. Em meio ao pânico e medo pela surpresa do ataque, houve revide e troca de tiros. Os bandidos, usando motocicletas fugiram do local, deixando claro que pretendem retornar com novos ataques.
O pecuarista Sérgio Mutran, dono da fazenda, relatou ao Ver-o-Fato que, até o momento, a polícia não tomou nenhuma providência para capturar os criminosos.
A Delegacia de Conflitos Agrários (Deca) está fechada, e é claro que não deve abrir também neste feriado do dia 15. “Não sei o que mais posso fazer, enquanto os bandidos fazem o que prometem: queimam, destroem, roubam e atiram contra nossos funcionários, e nada acontece”, desabafou Mutran.
Ele destacou que esses criminosos não são trabalhadores sem terra, mas marginais de alta periculosidade.
Mutran tentou, repetidas vezes, marcar uma audiência com a Secretaria de Segurança Pública (Segup), mas nunca foi recebido. “Quero saber por que a lei e a Constituição Federal não são cumpridas no Pará. Minha propriedade é a única sitiada por bandidos armados em todo o sudeste do estado e a polícia sabe disso”, afirmou, visivelmente frustrado.
A situação na fazenda Mutamba ilustra a insegurança jurídica que impera no Pará, onde as autoridades parecem ter abandonado seu papel de garantir a ordem e a justiça. O imobilismo e a prevaricação precisam ser substituídos por ações concretas para combater o crime e proteger os cidadãos.
A falta de resposta efetiva por parte das autoridades é um reflexo preocupante da falência do estado em cumprir seu dever constitucional de proteger a propriedade e a vida de seus cidadãos. “Pagamos em dia nossos impostos e somos tratados dessa maneira”, resumiu o pecuarista.