A mãe da jovem que sangrava pelo nariz, boca e ouvidos, afirma que ela agora sangra pelos olhos. Ao g1, a diarista Maria Ocilene Soares contou, nesta quarta-feira (10), que o problema da filha aumentou e o caso segue sem um diagnóstico. “Cada vez o sangramento é por um lugar diferente. É assustador”, desabafou ela.
A jovem, de 19 anos, está internada há oito dias na Santa Casa de Santos, no litoral de São Paulo. Segundo Maria Ocilene, a filha sangra involuntariamente há aproximadamente cinco anos. Os sangramentos, segundo a família, são acompanhados de dores na cabeça e, em alguns casos, até desmaios.
Ainda de acordo com a mãe, a filha começou a ‘chorar’ sangue no último dia 1º de abril. Desde então, os sangramentos acontecem das quatro formas – olhos, boca, nariz e ouvidos – diariamente, sem seguir uma ordem específica.
“O sentimento é o pior possível. Não vou mentir, estava até me acostumando a ver a minha filha sangrando pelo nariz, ouvidos e boca, mas pelos olhos é muito triste. É assustador”, desabafou Maria Ocilene. O g1 entrou em contato com a Santa Casa de Santos, em busca de um posicionamento sobre o caso, mas não obteve um retorno até a última atualização desta reportagem.
Família alega que jovem passou a sangrar pelos olhos desde o início do mês. Nas imagens, enviadas pela família ao g1, é possível ver a jovem com um líquido vermelho ao redor dos olhos. Em um dos conteúdos, ela aparece deitada e responde que não consegue enxergar.
“Não [consigo ver]. Está tudo preto”, disse a jovem. A mãe da paciente relatou o desespero ao ver a filha nessa situação. “Você olha para ela toda lavada de sangue, e sabe ainda que está vindo do olho. É uma sensação de impotência e tristeza. O pior de tudo é não ter um diagnóstico”, finalizou Maria Ocilene.
O que dizem os médicos
O G1 ouviu médicos otorrinolaringologistas [especialistas em ouvidos, nariz, garganta, laringe e pescoço] e oftalmologistas [especialistas em olhos] sobre os tipos de sangramentos mais comuns nas partes do corpo mencionadas pela família da jovem. Os profissionais ressaltaram, porém, que as explicações não estão necessariamente ligadas ao caso da jovem de 19 anos.
Segundo o médico Luiz Laércio Pinheiro Barbosa, o único meio de ‘comunicação’ entre os olhos e o nariz é o canal lacrimal. Sendo assim, dentro da especialidade dele, há o entendimento de que seria preciso “estar com um sangramento nasal intenso” para que o líquido passasse pelo canal e, assim, saísse pelo “cantinho do olho”.
“O sangramento mais comum é a epistaxe anterior, que também é considerado um traumatismo, [pelo contato com o] ar seco. É mais comum em crianças pela fragilidade dos vasos localizados na região anterior do septo”, explicou o médico.
Barbosa destaca que a umidade do ar também pode causar o mesmo em idosos, que também podem sofrer com crises hipertensivas. O médico aponta ainda que, em casos mais raros, existe a possibilidade do sangramento gerado por um tumor localizado na parte nasal. Boca (garganta) “Os sangramentos mais comuns são os gengivais, como quando você acorda com sangue na boca. Normalmente veio da gengiva, seja por uma gengivite ou periodontite [infecção bacteriana]”, comentou ele.
Ele também aponta o traumatismo da gengiva, seja por uma escovação ou até pela alimentação com uma comida considerada “dura”. Barbosa cita ainda o traumatismo causado pela tentativa de retirada de algo na garganta. “O sangramento próprio da garganta por infecção é mais difícil. O sangue que vai para ela pode ter vindo do nariz, esôfago ou traqueia. Não são próprios da garganta, mas acabam aparecendo naquela região”, apontou o médico.
Ainda de acordo com o médico, infecções ou traumatismos são os causadores dos sangramentos mais comuns nos ouvidos. Este último, inclusive, pode ser gerado pela própria pessoa, com uma haste de algodão na ponta, por exemplo. Barbosa também ressalta a possibilidade de sangramento por variação brusca de pressão durante um mergulho ou viagem de avião.
Já o oftalmologista Osvaldo Vieira Junior citou duas possibilidades de sangramentos nos olhos: traumas perfurocortantes da conjuntiva e pálpebra, além de conjuntivite membranosa. Olhos O médico explicou que qualquer trauma, ou seja, uma ‘lesão’, na conjuntiva [membrana que recobre a parte ‘branca’ do olho, também conhecida como esclera] e nas pálpebras pode gerar sangramentos.
Ele também citou sangramentos durante a higienização em casos de conjuntivite membranosa [conjuntivite viral que cria uma membrana na conjuntiva]. Segundo o médico, nessas situações, as membranas sangram durante a remoção, uma vez que é arrancado parte dos vasos sanguíneos. Distúrbios de coagulação O oftalmologista comentou sobre a possibilidade de alterações de crase sanguínea, conhecidas como ‘distúrbios da coagulação’. Nesses casos, porém, o sangramento não acontece por um problema específico no olho, acrescentou ele.
“É um processo hematológico, onde a pessoa tem uma deficiência da coagulação sanguínea, e existirão sangramentos por vias de mucosa em várias partes do organismo, como os olhos”, complementou o médico. Com informações do G1.