A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (28) a Operação Cobiça, voltada ao combate a crimes ambientais na região do Tapajós, oeste do Pará. Foram cumpridos 21 mandados de busca, quatro mandados de prisão, sequestro de bens e medidas cautelares de afastamento da função pública.
A suspeita é que servidores públicos e policiais militares participam de organização criminosa na cadeia produtiva do ouro ilegalmente. Os mandados foram cumpridos em Santarém, Itaituba, Altamira e Rio de Janeiro.
Foram presos preventivamente dois servidores públicos, o Comandante do 15º Batalhão de Polícia Militar (15º BPM) de Itaituba, o comandante do Comando de Policiamento Regional X (CPR-X) e dois empresários.
Foram apreendidos ao menos oito carros de luxo, celulares, joias e uma grande quantidade ainda não contabilizada de ouro e dinheiro. A investigação apontou que os servidores públicos investigados receberam durante meses sucessivos pagamentos de empresas e outras pessoas investigadas pela comercialização de ouro de terras indígenas e de área de reserva legal.
O dinheiro seria para que os servidores públicos facilitassem ou não reprimissem os crimes ambientais cometidos pelas empresas, além de atuarem na logística e segurança do ouro ilegal.
Há fortes indícios de que o ouro comercializado pela organização criminosa provém de garimpos localizados no interior e região de entorno da Terra Indígena Munduruku. Essa é uma das terras indígenas mais devastadas pelo crime e que está no momento em processo de desintrusão em grande operação, também com participação da Polícia Federal.
Um dos investigados teria recebido R$ 4 mil por mês, como parte da organização criminosa para não embaraçar o negócio ilegal; outros dividiam R$ 10 mil mensais, com a função de estar à disposição das empresas, inclusive em horários de expediente e usando carro e outros materiais de trabalho institucionais.
Outro dos investigados é um empresário que já havia sido condenado três vezes por tráfico de drogas, além de ter condenações por receptação, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação para o tráfico. Na atual operação, os crimes investigados são: lavagem de dinheiro, usurpação de bens da União e organização criminosa.
Explosivos em portas
Segundo informações, agentes da PF tiveram que usar explosivos para arrombar portas e usar equipamentos especiais para abrir um cofre e com isso dar cumprimento ao mandato de busca e apreensão expedido pela Justiça Federal.
Os explosivos foram usados na casa do comandante do 15º BPM que tentou resistir ao cumprimento do mandato federal. O tenente-coronel Campos chegou a destruir 3 celulares seus quando os policiais realizavam as buscas.
Após o militar se recusar a abrir a porta de um dos quartos da residência, a PF a detonou com explosivos. Em seguida o comandante foi preso.
Outro oficial da PM alvo da operação foi o comandante do CPR-X (Comando de Policiamento Regional X), Coronel Pedro, que também se recusou a abrir a porta de um dos quartos de sua casa, obrigando os agentes federais a implodir o acesso com explosivos e logo após efetuar sua prisão.
A PF realizou ainda busca e apreensão nas residências dos seguintes PMs: major Jarlisson, capitão Scalabrin, sargentos Mendes, Vinícius, Jackson e Carneiro, além do cabo Sales. Ao mesmo tempo, outra equipe foi até o quartel do CPR X, onde novas buscas e apreensões de diversos equipamentos foram feitas.
Entre os veículos que foram apreendidos, estão um Corolla e uma BMW modelo 2020, avaliada em mais de meio milhão de reais.
Os comandantes do 15º BPM e do CPR-X deverão ser transferidos em avião da própria PF para Belém, onde tramita o processo contra eles na Justiça Federal.
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