A Justiça foi feita e a Record, condenada, terá de reparar publicamente sua intolerância |
Condenadas por intolerância religiosa e racismo institucional, a TV Record e a Record News, pertencentes ao bispo Edir Macedo, chefe da Igreja Universal do Reino de Deus, terão de cumprir a partir de hoje a decisão judicial, exibindo 4 programas com 20 minutos de duração cada um, de conteúdos informativos e culturais que abordem aspectos como origem, tradições, organização, rituais e outros elementos da Umbanda e Candomblé, religiões de matrizes africanas.
O processo durou 15 anos, com sucessivos recursos e derrotas da Record. O primeiro dos quatro programas com o tema Justiça, estava previsto para ir ao ar hoje, às 2h30. Os programas, com custos de produção bancados pela própria Record, segundo os termos da condenação judicial, vão rebater os ataques e ofensas. Os programas têm a direção de Hédio Silva Jr e serão apresentados pela jornalista Cláudia Alexandre .
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Esses 4 programas temáticos terão três reprises cada um: Justiça (09/07; 06/08; 01/09), Brasil (16/07; 13/08; 10/09), Cultura (23/07; 20/08; 17/09), e Comportamento (30/07; 27/08 e 24/09).
A ação contra a Record, instaurada em 2004, é de autoria do Ministério Público Federal, junto ao Instituto Nacional de Tradição e Cultura Afro-Brasileira (Itecab) e ao Centro de Estudos das Relações de Trabalho e da Desigualdade (Ceert). O acordo especifica que o Itecab e o Ceert serão responsáveis pela concepção e produção dos programas.
A emissora de televisão terá de arcar com todos os gastos. O Grupo Record também terá de pagar R$ 300 mil de indenização para o Itecab e o mesmo valor à Ceert, totalizando um prejuízo de R$ 600 mil.
Os ataques às religiões de matriz africana foram proferidos no programa “Mistérios” e no quadro “Sessão de Descarrego”, transmitidos pelas duas emissoras, que veiculam programas da Igreja Universal do Reino de Deus. Conforme demonstrou a ação, os programas promoveram a demonização das religiões de matriz africana, valendo-se de diversas agressões a seus símbolos e ritos.
O MPF demonstrou que os programas se tratavam de “intolerância religiosa em pleno espaço público televisivo contra as religiões afro-brasileiras”. Defendeu ainda que a liberdade de religião não pode “servir de instrumento para ‘acobertar’ condutas ilegais”.
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