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Wander Souza da Cunha jogava, em agosto passado, uma pelada de final de semana em um desses campinhos da periferia de Belém, quando pisou num buraco do “gramado”, caiu e fraturou a perna à altura do tornozelo. Ele mal havia acabado de arrumar emprego, depois de muito batalhar pela vaga, pois tem mulher e filhos para sustentar. A carteira de trabalho estava assinada e as contribuições à Previdência Social recolhidas regularmente.
Com o acidente, ele deixou de trabalhar. E para receber o benefício da Previdência, como sempre ocorre nesses casos, teria que se submeter à perícia do INSS. Mas, com a greve dos servidores da Previdência, o drama de Wander começou. Ele marcou a perícia pela Internet, mas foi informado de que só seria avaliado pelo médico depois que a greve acabasse.
Dá para imaginar o tormento de idas e vindas – Wander conta que já foi quatro vezes para ser atendido, mas voltou no Centro de Perícias do INSS, no bairro do Marco, porque resolveram remarcar a consulta – de milhares de trabalhadores em igual situação que existem no Pará, especialmente em Belém. Sem perícia, que ateste a incapacidade momentânea para o trabalho, eles não podem receber o benefício, que equivale a 70% do salário que ganham.
No caso de Wander, que anda de muletas, pois teve que levar vários pinos no local fraturado em três partes, a situação financeira é desesperadora. A família precisa comer, vestir, calçar, locomover-se pela cidade de ônibus, enfim, tem necessidades que precisam ser preenchidas. Sem dinheiro, ou melhor, sem o benefício da Previdência Social, as necessidades aumentam.
A perícia de Wander foi remarcada, agora pela quinta vez, para o próximo dia 21 de dezembro. Até lá, tudo estará bem mais difícil. O INSS, na verdade, não está nem aí para Wander e outros trabalhadores. Os grevistas conseguiram reajuste em seus salários e voltaram ao trabalho, que praticamente quadruplicou. O setor de perícias está sobrecarregado.
São horas para alguém ser atendido. Em todo o Brasil, o transtorno provocado pela greve na Previdência a quem nada tinha a ver com ela, já acusa prejuízos para 1 milhão de brasileiros, milhares deles aqui no Pará.
A pergunta não cala: o governo vai pagar os prejuízos que o trabalhador Wander Souza da Cunha sofreu, esperando por um perícia que há quatro meses já deveria ter sido feita?
Com a resposta, o Ministério da Previdência Social e a direção do INSS no Pará.
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