Imagens obtidas com exclusividade pelo Ver-o-Fato de uma câmera de vídeo postada na rua onde fica o Hospital da Ordem Terceira, no bairro do Comércio, antigo centro de Belém, apontam possível caso de omissão no atendimento à gestante Tainara dos Santos, de 21 anos, que teve o filho na calçada da rua onde fica aquele estabelecimento de saúde.
O pior é que dessa suposta omissão compartilham policiais militares que estavam em uma viatura e que, segundo as testemunhas que já depuseram no inquérito policial, teriam se recusado a prestar socorro à gravida e obrigar a portaria do hospital liberar a entrada da paciente, que na ocasião já se encontrava em trabalho de parto.
Vale dizer que, em muitos casos de conhecimento público, policiais militares, recentemente, tiveram conduta extremamente digna e solidária, socorrendo pessoas doentes nas ruas, inclusive realizando parto dentro de viatura. No caso da grávida que pariu na rua, a conduta da equipe que estava na viatura fere o procedimento que tem sido observado pela maioria da força.
A Promotoria Militar, que investiga o caso, ainda não vai se manifestar, porque os depoimentos e as imagens ainda estão sob análise. Nas imagens, contudo, se vê que o giroflex da viatura da PM está ligado durante o tempo em que a mulher está na calçada.
Ou seja, se tivesse havido a interferência policial em obrigar o hospital a atender a gestante, como manda a lei, o desfecho da patética cena do parto na calçada teria sido outro. Omissão de socorro é crime previsto no Código Penal. E isso vale para o hospital e para a PM.
Veja a cronologia das imagens, feita pelo Ver-o-Fato, mostrando desde a chegada de Tainara à porta do hospital, a recusa em atendê-la, até o desfecho no qual ela, após ter parido na rua, já é levada em maca para dentro do estabelecimento. Os fatos ocorreram na madrugada do dia 17 de novembro passado.
Tempo total das imagens: 16 minutos e 21 segundos.
Aos 17 segundos, um carro pára em frente ao hospital e do veículo descem a grávida Tainara e uma acompanhante.
Decorre mais de um minuto em que Tainara tenta ter acesso ao hospital, mas não consegue. A acompanhante também tenta. Tudo em vão.
1m44 – Tainara está agoniada pelas dores que sente, chega a escorar-se perto de um veículo parado em frente ao hospital. Ela anda pela rua e sua imagem desaparece. Foi em direção à praça vizinha ao hospital.
4m31 – Acompanhante, que momentos antes havia seguido na mesma direção de Tainara, reaparece nas imagens e vai até a porta do hospital. Percebe-se que ela está inquieta, pois parece sacudir as mãos na porta, que está fechada. A mulher se desespera, afasta-se da entrada do hospital e, na rua, leva às mãos à cabeça.
5m – Outras pessoas aparecem, vindas provavelmente do local onde Tainara se encontra, e caminham rapidamente até a porta do hospital. Gesticulam com alguém da portaria.
5m39 – Mais pessoas surgem correndo. Eles tentam chamar a atenção de quem está na portaria do hospital, apontando na direção onde Tainara se encontra. Os pedidos de socorro não surtem efeito.
7m02 – A pressão aumenta por parte de mais pessoas que aparecem no vídeo, reclamando do hospital a falta de atendimento médico para Tainara.
7m35 – Finalmente, funcionários da Ordem Terceira saem do hospital com uma cadeira de rodas e rumam em direção ao local onde Tainara se encontra.
7m50 – Neste momento, percebe-se no canto esquerdo das imagens uma alteração na luminosidade. É o giroflex da viatura da Polícia Militar, que chega ao local, a praça onde está Tainara, na rua Frei Gil de VilaNova.
10m20 – A cadeira de rodas retorna ao hospital. Vazia. Tainara não veio. Provavelmente acabou de dar à luz ao filho, na rua.
11m19 – Surgem nas imagens funcionários do hospital empurrando a maca. O destino é a calçada da praça onde Tainara acabou de parir.
12m59 – Passados 1minuto e trinta segundos, a maca reaparece,em direção ao hospital, desta vez trazendo Tainara e o bebê que havia nascido na calçada.
13m26 – Segundo depois, a viatura da PM deixa o local, capturada pelas imagens.
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