Um grito de revolta ecoa pelas ruas de Icoaraci, distrito de Belém, após mais um feminicídio brutal que expõe a violência desenfreada contra as mulheres no Brasil. Na noite desta quinta-feira, 6, Vanderlei de Brito, um homem de 43 anos, teve a frieza de caminhar até a Seccional de Icoaraci e confessar o assassinato de Adriana Rodrigues, de 40 anos, sua companheira.
Ele a estrangulou com uma corrente e, como se não bastasse tamanha crueldade, enterrou o corpo em uma cova rasa numa mata isolada do bairro São Francisco, perto da estrada para Outeiro. Isso não é só um crime: é um tapa na cara de qualquer um que ainda acredite que vivemos numa sociedade justa.
A cena que se seguiu à confissão é de cortar o coração e incendiar a alma de indignação. Equipes da Polícia Militar, Civil e do Corpo de Bombeiros correram até o local indicado por pelo homem. Lá, encontraram o corpo de Adriana, já em decomposição, jogado numa cova improvisada, como se fosse lixo descartado.
Até às 22h de quinta, os bombeiros lutavam para resgatar o que restava dela, enquanto a Polícia Científica do Pará ainda não havia chegado para remover o cadáver. É assim que tratamos nossas mulheres? É assim que o sistema responde a tamanha barbaridade?
Vanderlei, com uma calma que gela o sangue, disse que o crime aconteceu na segunda-feira, 3. Ele alega que Adriana, com quem tinha um relacionamento amoroso, “armou uma casinha” contra ele, supostamente a mando de uma facção criminosa de Icoaraci. “Eu assumi. Ela armou uma emboscada pra mim”, declarou, sem derramar uma lágrima, sem um pingo de remorso.
Estrangulou-a com uma corrente até a morte e ainda teve o desplante de enterrá-la numa área de mata que, por algum motivo ainda desconhecido, ele conhecia bem. A polícia segue investigando a real motivação, mas uma coisa é clara: estamos diante de mais um caso de feminicídio que escancara o horror que as mulheres enfrentam diariamente neste país.
Campo de guerra
O Brasil é um campo de guerra para as mulheres. A taxa de feminicídios aqui é uma das mais altas do mundo, e casos como o de Adriana Rodrigues — marcados por extrema crueldade e descaso — são a prova viva disso. Estrangulada, enterrada, esquecida numa cova rasa, ela se junta a uma lista interminável de vítimas cujos assassinos, muitas vezes, saem impunes.
Vanderlei está na Seccional de Icoaraci, à disposição da Justiça, mas quem acredita que isso será o fim? A impunidade é a regra, e a brutalidade, o padrão. Até quando vamos aceitar que mulheres sejam dizimadas assim, enquanto os culpados seguem de cabeça erguida?
A Polícia Científica ainda vai analisar o corpo para confirmar a causa da morte — como se precisássemos de mais provas do óbvio. A investigação promete esclarecer as circunstâncias, mas o que ela não vai apagar é a dor de Icoaraci, a revolta de Belém e o medo que assombra cada mulher brasileira.
Adriana não é só um nome: é um símbolo do que está errado, do que nos mata todos os dias. Chega de silêncio, chega de aceitar essa carnificina. O Brasil precisa acordar antes que a próxima vítima seja alguém que você ama.