Ranieri Monteiro *
No dia 18 de novembro de 1991, a banda irlandesa de rock U2 , lançava seu sétimo álbum, o musicalmente modificado “Achtung Baby”. No início dos anos 1990, as mudanças sonoras da música pop levaram o grupo a virar o jogo e apresentar aos fãs um novo tipo de gênero musical.
Para fazer a mudança foram recrutados os antigos produtores Daniel Lanois e Brian Eno (ambos trabalharam em discos anteriores). Com um rock mais moderno apresentando algumas batidas eletrônicas, teclados e sintetizadores mais potentes, o U2 surpreendeu “negativamente” os antigos admiradores, no entanto, convidando novos ouvintes a entrar nessa nova fase.
O trabalho, em sua temática total, possui obscuridade e introspecção demonstrando uma certa irreverência aos álbuns anteriores. Gravado em Berlim (Alemanha), nos estúdios Hansa,( e na Irlanda, nos estúdios STS, Windmill Lane etc.), houve a inspiração devido à Reunificação da Alemanha, em sua véspera.
Embora houvesse muitas críticas do público antigo (e até da própria banda, em duvidar do possível sucesso comercial), “Achtung Baby” vendeu à época mais de 18 milhões de cópias aos quatro cantos do mundo, sendo o segundo trabalho mais vendido da banda ficando apenas atrás de “The Joshua Tree”, de 1987 (com 25 milhões de cópias vendidas), seu trabalho mais vendido.
Com isso entrou direto na lista dos “500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos” pela revista Rolling Stone. “Achtung Baby” levou às rádios e à TV cinco faixas apresentativas: “Zoo Station”, (cuja letra refere-se ao que o grupo estava decidido a fazer ,ou seja, levar a nova fase sonora aos fãs; estavam prontos a dar o melhor em seu novo som).
“The Fly” (uma crítica à ambição humana à qual pretende voar que nem mosca a lugares negativos), “Mysterious Ways” ( uma narrativa à qual fala de um personagem chamado Johnny, e sua indecisão de vida a vagar por caminhos errados), “Even better than the real thing” (narrativa romântica na qual o personagem imagina uma amante imaginária, sendo melhor à mulher real), e por fim, o single de maior sucesso, “One”( nesta, o eu-lírico narra inutilmente a incompatibilidade de gênios entre si e à sua amada).
Outras canções preenchem o álbum, porém, não obtendo tanto repercussão. Somente uma poderia ser o sexto single, a depressiva “So cruel”. A letra e música de melodia triste revela a separação, em 1990, do baixista The Edge e sua ex-esposa, a modelo Aislinn O’sullivan, com quem teve três filhas. Porém a faixa passou despercebida.
Em 2011, para comemorar os 20 anos de “Achtung Baby”, o álbum foi relançado, em CD, numa versão digitalmente remasterizada, em estéreo puro, incluindo um disco com B-sides e bônus tracks. Neste havia faixas exclusas como: “Lady”, “Salomé”, “Paint It Black”( dos Rolling Stones), “Fortunate Son ( do Creedence Clearwater Revival), “Where did It all go Wrong?” etc.
O título do trabalho veio de uma ideia dos produtores, sem muita importância, pois “Achtung” significa “atenção” em alguns países, como o Marrocos. Daí o apelo imperativo do U2 a mostrar sua nova musicalidade. A capa do álbum foi idealizada pelos artistas Steve Averill e Shaughn McGrath, metaforizando, também, o poder de persuasão do grupo para expandir seu novo estilo musical em vários lugares do mundo, e mostrar imagens diferentes de cores.
Concluindo, o U2 sairia em uma longa turnê chamada Zoo Tv. Hoje, “Achtung Baby” virou um clássico na discografia da banda eliminando as antigas críticas negativas para alguns, e, dando aos integrantes, Bono Vox ( vocais, guitarra, violão), The Edge ( guitarra, teclados, efeitos, backing vocais), Adam Clayton (baixo) e Larry Mullen Jr. (bateria, percussão), uma nova e orgulhosa posição a seus lugares ao topo do sucesso.
Parabéns, “Achtung Baby”
- Ranieri Monteiro é professor em Belém e pesquisador musical.