Ex-vereador Paulo Fonteles: “foram sobreviventes que disseram” |
Delegado Antonio Miranda: “calúnia, injúria e difamação” |
O ex-vereador Paulo Fonteles Filho, que também é integrante da Comissão da Verdade no Pará, publicou em sua página no Facebook o seguinte comentário a respeito de dez mortes ocorridas na fazenda Santa Lúcia, em Pau D’Arco, na última terça-feira,dia 23.
“Uma das testemunhas do massacre que ocorreu na última quarta (24) na fazenda Santa Lúcia em Pau D’Arco, sudeste do Pará, afirmou em depoimento sigiloso ao Ministério Público Federal (MPF) que reconheceu a voz do delegado Antônio Gomes Miranda Neto durante a chacina que vitimou dez sem-terra. Ele é superintendente da Polícia Civil no Araguaia, com sede no município de Redenção (PA).
A testemunha, que deu entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, conseguiu escapar dos policiais e ouviu cada um de seus companheiros serem humilhados, torturados e mortos. Segundo ela, foi possível identificar a voz do delegado Miranda (como é conhecido na cidade) porque já havia falado com ele anteriormente: “Eu ouvi a voz, a voz dele é muito conhecida, e não só daquele momento que eu o conheço”.
Este delegado conversou com os trabalhadores rurais em diversas ocasiões anteriores à chacina. Um desses momentos foi no dia 29 de março, quando os sem-terra, em protesto, fecharam a rodovia BR 155. Miranda quem mediou a negociação para liberação da estrada.
Um áudio gravado por Fonteles e divulgado nas redes sociais também acusa o delegado de ter comandado pessoalmente as mortes dos invasores encontrados na fazenda durante a operação policial. O ex-vereador cita o relato da testemunha sobrevivente.
“Vou processá-lo”
O delegado Antonio Miranda, em contato com a imprensa, negou com veemência as acusações contra ele, afirmando que irá processar Paulo Fonteles Filho. “Me trouxeram a gravação e isso não é verdade. Eu estava em Belém para uma reunião na quarta-feira (dia 24) e sai de Redenção na terça”, disse Miranda ao Ver-o-Fato.
Segundo o delegado, Fonteles “foi infeliz” ao acusá-lo sem provas do que diz. “Há um delegado em Redenção que também tem o sobrenome Miranda, que é o delegado Valdivino, que estava na operação, mas não se pode dizer nada contra ele também sem uma comprovação. Não se faz isso”, reagiu o delegado.
Antonio Miranda disse que tão logo tomou conhecimento de que seu nome circulava nas redes sociais, envolvendo-o com mentiras, ele fez na polícia um boletim de ocorrência, considerando a acusação “difamatória, injuriosa e caluniosa”.
“São os sobreviventes”
Fonteles disse ao Ver-o-Fato não ter sido ele quem acusou o delegado Miranda. “Foram os sobreviventes da chacina que disseram isso, não eu”, acrescentou o ex-vereador, assinalando não ter como comprovar.
E resumiu: “se a investigação for séria vai pegar esse conluio”, referindo-se ao suposto envolvimento de agentes públicos nas dez mortes. Sobre o BO e a intenção do delegado de processá-lo, Fonteles comentou: “Menos mal: pela manhã corria que estavam prontos pra me botar uma bala na cabeça”.
Atualização: Fonteles
Paulo Fonteles pede que seja esclarecida a seguinte declaração dele prestada ao blogue: ” O que eu disse é que não haveria como comprovar que o delegado agiu sob soldo dos grileiros. Mas as testemunhas afirmam que de fato ele coordenadou a ação”.
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