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Pelo menos duas mil pessoas prejudicadas pelo naufrágio do navio Haidar, com cinco mil bois vivos, no porto de Vila do Conde, terão de ser indenizadas. A previsão inicial é de que fossem pagos quatro salários mínimos (R$ 3.152,00) para cada família, durante um tempo a ser determinado pela Justiça. O valor compensaria os prejuízos sofridos pelos ribeirinhos que vivem e se alimentam de pescado e cuja atividade foi proibida pela vigilância sanitária devido a contaminação das praias.
Além dos pescadores, pequenos comerciantes, barraqueiros, donos de bares e quem sobrevive da venda de sucos e guloseimas também reclamam que não podem faturar devido ao mau cheiro que impede a aproximação de turistas e banhistas das praias, mesmo depois da retirada dos bois em estado de decomposição. Três praias de Vila do Conde, a praia do Beja, no município vizinho, Abaetetuba, além do píer 301, onde
ocorreu o naufrágio, estão interditados pela Defesa Civil.
ocorreu o naufrágio, estão interditados pela Defesa Civil.
A
defensora pública Aline Rodrigues admite a possibilidade de uma Ação Civil Pública ou ações individuais
de indenização por danos morais e materiais aos que foram prejudicados
diretamente pela contaminação de toda a área. O presidente da Companhia Docas do Pará (CDP), Parsifal Pontes, chegou a dizer aos líderes das comunidades afetadas pela tragédia que a indenização deveria ser paga, mas no valor de 1 salário mínimo.
Seja 1, 4 ou mais salários mínimos, quem deve pagar a indenização são a empresa responsável pelo navio que afundou, a Tamara Shipping, de bandeira libanesa, e a brasileira Minerva Foods, proprietária dos bois. Como o navio e os bois estavam no seguro, não haveria problema em resolver, sem muita burocracia, a situação das famílias prejudicadas.
Hoje, a prefeitura de Barcarena, já prevendo problemas ou má vontade no pagamento das indenizações, decidiu ingressar na Justiça do município com uma ação de arresto (penhora) de dois navios da empresa Tamara Shipping, que estão em águas do Pará, à espera da desinterdição do porto de Vila do Conde para fazer novo carregamento de bois. A penhora seria uma forma de garantir o pagamento do que as empresas devem às famílias.
O porto da CDP em Vila do Conde, por ordem da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), está interditado desde o dia 7 passado para movimentação ” de qualquer carga viva”, sob pena de “suspensão da licença de operação vigente”. Enquanto isso, as empresas que exportam boi vivo no Brasil mantém um ensurdecedor silêncio sobre a tragédia ambiental e social que atinge Barcarena.
Será sentimento de culpa, por só pensar no lucro e pouco se importar com a dignidade dos animais que alimentam com muito dinheiro suas contas bancárias, além de se lixar para o povo de Barcarena ou para as autoridades do Pará?
Elas que respondam. Inclusive judicialmente.
Os bois estão nessa praia e a poluição ainda é grande, apesar de a remoção ter começado |
O pequeno comerciante amarga prejuízos. Com boi morto na porta, não dá |
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