Um militar da Força Nacional de Segurança (FNS) destacado em São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas, local onde o único acesso é feito por barco, que leva 26 horas, ou de avião – são apenas três voos por semana – está em difícil situação de saúde e, após contrair a Covid-19, segundo colegas, foi largado à própria sorte pelo comando da Força e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, a quem pediu socorro para ser transferido.
Penalizados com o sofrimento dele, colegas que pediram para não ser identificados, temendo represálias, relatam ao Ver-o-Fato o que está acontecendo. A identidade do militar doente também será mantida em sigilo.
A narrativa é de que o soldado da FNS começou a sentir alguns sintomas no dia 17 de dezembro, quando estava de serviço em uma base avançada, sem contato algum com a cidade, em um local de muitas ocorrências de doenças tropicais.
No dia 19, ele regressou à cidade sentindo febre alta e dor no corpo e informou ao seu comandante, que não tomou providência para socorrê-lo. No mesmo dia, conforme os colegas de farda, ele não estava aguentando e se deslocou ao hospital do Exército, único da cidade, onde foi medicado de urgência e liberado.
A partir do dia 20, o soldado começou uma peregrinação para saber o que ele tinha, se era malária, Covid-19, dengue, chikungunya ou outra doença comum na região.
Já no dia 23, quando já não mais suportava os sintomas, o soldado pediu socorro ao Ministério da Justiça, onde funciona a administração da Força Nacional e teve como resposta que não havia expediente por conta do Natal e que só voltariam a trabalhar no dia 28 de dezembro.
Mesmo nas condições em que ele se encontrava continuou em busca de resposta da enfermidade, quando no dia 28 foi internado com Covid-19.
Ainda de acordo com os colegas do soldado, quando o Ministério da Justiça voltou a trabalhar, foram feitas várias solicitações medicas de remoção do militar para Brasília, onde ficaria próximo da família e poderia ser melhor tratado. Foram pedidos vários documentos, mas não fizeram nada. O soldado enfermo, resumem colegas, estaria sem a devida assistência pela Força Nacional e pelo Ministério da Justiça.
O militar continua internado e o Ministério da Justiça parou as atividades administrativas e só retorna dia 4,segunda-feira, e agora ele soube que vai ser liberado pelo médico para o hotel onde está morando.
Os colegas de farda afirmam que a cidade não tem estrutura e ele está largado à própria sorte, pois corre risco de, com baixa imunidade, pegar uma doença tropical.
“Pedimos ajuda de vocês, porque no Ministério da Justiça estão curtindo festas de Ano Novo, enquanto a tropa sofre no terreno minado”, completaram.
Na tentativa de buscar explicações sobre a situação do soldado da FNS, o Ver-o-Fato tentou por diversas vezes falar com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, mas ninguém atendeu. Os ramais da área de imprensa davam sempre ocupados. O espaço está aberto aos esclarecimentos.
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