Um jovem de 19 anos, em tratamento oncológico, registrou ocorrência na Polícia Civil, afirmando que foi covardemente agredido, algemado, torturado e roubado por seguranças da casa noturna Balacoolbar, situada na Avenida Marechal Hermes, Praça Kennedy, no Centro de Belém, quando participava de uma festa denominada Bloco da Gaiola. Ele sofreu vários ferimentos pelo corpo.
O caso foi registrado na Delegacia Seccional do Comércio, onde o advogado da vítima, Leonardo Victor Costa Bahia, ingressou com uma notícia crime para apuração do fato, uma vez que, segundo o rapaz agredido, o delegado João Paiva se recusou a instaurar inquérito policial na ocasião, alegando que iria esperar o resultado do laudo pericial da vítima.
De acordo com o rapaz agredido, Fernando Augusto e Souza Paula Filho, o caso ocorreu na madrugada do dia 23 de janeiro último, quando ele foi se distrair e relaxar do tratamento oncológico a que está sendo submetido.
“Na madrugada do dia 23 fui ao evento chamado Bloco da Gaiola, no Balacoolbar. Comprei acesso ao frontstage (que fica em frente ao palco) e, fui para a entrada do camarote pois eu estava esperando a minha prima. O segurança falou que eu não iria entrar e eu respondi “tranquilo, só tô esperando a minha prima”, e me encostei na grade para esperar”.
Após isso – continua a vítima -, “o segurança veio pra cima de mim me empurrando e enforcando, e com mais outros dois seguranças, me arrastaram e me levaram para a parte de trás do local, onde me algemaram e cerca de 8 seguranças me torturaram com chutes, socos, pontapés e etc, por cerca de uma hora. Também furtaram meu relógio, 300 reais em espécie e meu cordão de ouro”.
Segundo o boletim de ocorrência, uma viatura da Polícia Militar, acionada por familiares da vítima, conseguiu deter dois seguranças do bar, identificados como George Ricardo Bessa dos Santos e João Paulo Igreja de Aviz, que foram reconhecidos pelo jovem como os homens que iniciaram a sessão de espancamento.
“Eu sou paciente oncológico, estou para começar a radioterapia e as lesões atrapalharam o andamento do tratamento. Sinto dores na cabeça, me sinto meio tonto e algumas dores na região torácica”, disse ele ao Ver-o-Fato.
“Estranhamente, mesmo com todos os comprobatórios, o delegado não quis me ouvir, apenas o meu advogado. E informou a ele que só daria andamento após chegar o laudo pericial, o que pode demorar até 60 dias, e assim sumiriam as imagens das câmeras do local. Por isso, meu advogado entrou com uma notícia crime sobre o fato”, completou.
Notícia crime
Na notícia crime, o advogado do jovem destacou que ele é franzino, tem 1,69m de altura e pesa 65kg e foi agredido sem nenhum motivo aparente, apenas porque esperava uma prima na entrada do camarote da casa noturna, “o que torna totalmente inconcebível a realização do espancamento”.
Por conseguinte, prossegue o advogado, não sendo o suficiente a violência suportada pela vítima, os agressores e demais seguranças, retiraram o noticiante do recinto, deslocando-o para um local ermo, ocasião em que o Sr. Fernando Augusto de Souza Paula Filho foi algemado, passando a ser, novamente, agredido e torturado pelos noticiados e outros seguranças do bar.
Ainda de acordo com a notícia crime, ao tomar conhecimento dos fatos, os familiares da vítima compareceram no local e a encontraram algemada no chão, com diversas lesões no rosto e no corpo e, em estado de choque, não respondendo aos questionamentos.
Os familiares exigiram a imediata retirada das algemas para que a vítima fosse socorrida, bem como a identificação dos seguranças agressores.
O advogado também solicitou as imagens do circuito interno de segurança ao proprietário do estabelecimento, Alberto Farid, conhecido como “Faridinho”, que disse que iria providenciar, mas até o momento não encaminhou o material à autoridade policial.
Em atendimento médico no hospital Porto Dias, conforme o advogado, a vítima foi diagnosticada com trauma craniano e toráxico, hematoma periorbital esquerdo, hematoma difuso e escoriações em membros inferiores, devido as agressões físicas com espancamento.
O Ver-o-Fato tentou, sem sucesso, contato com o proprietário do estabelecimento de diversão. O espaço está aberto às explicações.
Veja a íntegra da notícia crime: