A morte do advogado Arnaldo Lopes, assassinado com cinco tiros em Belém, em 2017, começa a ser desvendada. Investigações intensificadas na manhã desta segunda-feira, 4, em operação da Polícia Civil, aponta para a existência de uma organização criminosa que tinha interesse em eliminar Arnaldo. O sargento Rossicley Silva, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar, foi preso na manhã de hoje, juntamente com outros dois militares, estes ligados à Rotam, por envolvimento direto no crime. A operação foi conduzida pela Divisão de Homicídios, com acompanhamento da Corregedoria da Polícia.
O sargento, segundo as investigações, seria ligado a uma das milícia que atuam em Belém, além de proprietário de vans que prestam serviço no transporte de passageiros na cidade. A polícia mantém sigilo sobre os nomes dos outros dois militares, mas o Ver-o-Fato teve acesso ao nome de Rossicley por meio de uma fonte da inteligência policial. Além das prisões, a polícia realizou busca e apreensão contra os acusados da morte do advogado Arnaldo Lopes de Paula.
Na residência de um dos acusados, no bairro do Jurunas, foram apreendidos documentos, celulares, pen-drives, uma arma, munições e dois estojos que pertencem ao Estado. O militar foi interrogado e, após exames de corpo de delito, ficará à disposição da justiça. Todas as buscas foram realizadas na capital paraense. As diligências para a força-tarefa começaram às 5h30 desta segunda, com saída da sede da DH, no bairro de São Brás. Cerca de 60 policiais participam da ação.
As diligências sobre o fato começaram após o crime, pela Divisão de Homicídios. Uma das linhas de investigação foi correlacionada a uma briga entre a vítima e ex-aliados em um escritório de advocacia.
Arnaldo Lopes foi baleado com cinco tiros de arma de fogo, em dezembro de 2017, quando saia da casa de parentes, no bairro do Jurunas, em Belém. De acordo com as investigações, o advogado retornava para o seu automóvel, quando começou a ser perseguido por um carro descaracterizado. Ele chegou a entrar no seu veículo, mas um dos criminosos segurou a porta e efetuou todos os disparos próximo ao ombro da vítima, que chegou a ser internado em um hospital de Belém, durante três dias, mas não resistiu aos ferimentos. Ele faleceu no dia 21 de dezembro.
À época, Arnaldo Lopes havia acabado de assumir o cargo de interventor na Associação dos Praças da Polícia Militar do Estado do Pará (Aspra-PM). O sargento Rossicley também já havia comandado a associação militar e contra ele pesavam acusações de desvio de recursos da entidade. O advogado temia por sua vida e chegou a procurar o Ministério Público Militar, relatando seus temores.
O promotor militar Armando Brasil, após ouvir o relato de Arnaldo Lopes, chegou a enviar ofício ao então secretário de Segurança, general Jeannot Jansen, pedindo que fosse oferecida garantia de vida ao advogado. O general nunca respondeu ao ofício de Brasil. O sargento foi denunciado à justiça pela promotoria militar pelas irregularidades na associação.
CPI das Milícias
No relatório da CPI das Milícias, instaurada pela Alepa, o relator, deputado Carlos Bordalo, pediu que o sargento Rossicley Silva fosse indiciado por incitar a violência. Ele teria convocado pessoas em uma rede social para uma “revanche” após a morte do cabo “Pet”, no Guamá, em 2014.
O documento também pediu o indiciamento de quem mantém o perfil da Rotam na mesma rede social, também por apologia ao crime.
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