Uma guarnição de militares do Batalhão de Polícia Rodoviária, composta de cinco homens, sediados na cidade de Primavera, na região do Rio Caeté, nordeste paraense, foi presa em flagrante após invadir a casa de uma família e fazer ameaças aos proprietários, levando 10 mil reais em dinheiro e pertences de pessoas que estavam no imóvel.
Depois da prisão em flagrante, os cinco militares estão custodiados no Centro de Recuperação Coronel Anastácio das Neves, no complexo penitenciário de Americano, em Santa Izabel do Pará, na região metropolitana de Belém, aguardando a manifestação da Justiça.
De acordo com o inquérito policial instaurado na Delegacia de Primavera pelo delegado Lucas Wallace Oliveira de Sousa, os militares se passaram por policiais civis e, usando uma viatura da PM e um veículo particular, roubaram R$ 10 mil em dinheiro, além de pertences da família e de um pedreiro que estava trabalhando na residência. O fato ocorreu na última terça-feira (3), por volta do meio-dia.
O Ver-o-Fato teve acesso aos procedimentos policiais que enquadraram os militares. Segundo a denúncia registrada na Delegacia de Primavera pelo senhor Everaldo de Jesus Matos, no dia 03 passado, por volta das 12:00 horas, ele estava em sua residência, localizada na avenida General Moura Carvalho, no bairro Cardosão, quando vários homens chegaram em uma viatura da Polícia Militar, de número 7617, de placa QVQ4159, assim como um veículo Chevrolet, modelo Onix, de cor prata e invadiram o imóvel dele.

Vítimas relatam a ação ilegal
Eram dois policias fardados com a farda da PM e outros três à paisana. Conforme disse o relator, foi anunciado pelos policiais militares que se tratava de uma operação policial da Polícia Civil e que eles estavam prestando apoio aos agentes civis, mas ao serem questionados se tinham mandado judicial para entrar na casa, um dos invasores respondeu que iria imprimi-lo e entregaria em momento posterior.
Ainda de acordo com o relator, ele foi informado que se tratava de uma busca e apreensão domiciliar pelos indivíduos, que desembarcaram do veículo Ônix, se identificaram como policiais civis, inclusive estavam armados, mas não mostraram nenhuma identificação.
Os militares reviraram toda a casa, pegaram os celulares do proprietário e da esposa dele e mais 16 mil reais que estavam no quarto da residência e que eram provenientes da caixinha dos trabalhadores municipais de Primavera.
Na ocasião, Everaldo Matos e a mulher dele chamaram o advogado do casal, Cezar Augusto Trindade, que foi até a casa invadida e presenciou boa parte da ação.
A casa caiu
Quando os policiais militares começaram a ser questionados pelo advogado sobre a ilegalidade da ação e sobre quem teria autorizado a invasão da casa, começaram a ficar nervosos e não souberam explicar.
Um deles pediu desculpas e disse que tudo aquilo seria uma “furada” em que os policiais civis haviam lhe inserido. Os outros que se passavam por agentes civis teriam “se apavorado” e corrido para dentro do Ônix.
Mas a ação continuou e quando perguntou pelos valores subtraídos, o relator teria sido ameaçado pelos invasores, que teriam dito para que ficasse calado, senão iriam “jogar droga” nele e o levariam preso.
Quando decidiram ir embora, os militares devolveram os celulares do relator e da esposa dele, assim como devolveram a quantia de R$ 6.000,00 ao advogado, que foi retirada de dentro do colete de um dos invasores.
Os outros R$ 10.000,00, assim como o relógio e um perfume de um dos ajudantes de pedreiro que estavam trabalhando no local teriam sido levados pelos militares. Toda a situação foi presenciada também por outros ajudantes de pedreiro que estavam trabalhando na residência.
Câmeras de seguranças instaladas na residência capturaram imagens dos envolvidos na invasão. Todos os militares foram presos em flagrante.
