O Corinthians já contou em seu elenco com um dos jogadores condenados pelo “escândalo de Berna”, em que os então atletas do Grêmio Cuca, Henrique e Eduardo foram julgados e responsabiLizados por agressão sexual contra uma garota de 13 anos. O episódio aconteceu em 1987. Entre 1992 e 1997, o ex-zagueiro Henrique defendeu a equipe alvinegra, onde foi titular, marcou gols decisivos e ergueu troféus.
Henrique Arlindo Etges nasceu em Venâncio Aires, cidade gaúcha, em 1966. Formado nas categorias de base do Grêmio, o atleta serviu à equipe profissional tricolor por três anos. Em 1985, foi campeão mundial sub-20 com a seleção brasileira, em elenco que tinha Müller e Silas. Foi de Henrique o gol do título sobre a Espanha no estádio Luzhniki, em Moscou, capital russa.
Em 1989, Henrique foi condenado, assim como Cuca e Eduardo Hamester, conhecido como Chico, por ato sexual com a menor de idade. Eles teriam de ficar 15 meses em detenção na Suíça, mas, como estavam no Brasil, que não possui acordo de extradição de seus cidadãos, não cumpriram a sentença.
Mais tarde, o zagueiro migrou para o futebol paulista, atuando na Portuguesa e no União São João. Depois de jogar na equipe de Araras, Henrique chegou ao Corinthians pelas mãos do então presidente Vicente Matheus. No Parque São Jorge, foi titular e campeão de importantes torneios, como o Campeonato Paulista (de 1995 e 1997) e a Copa do Brasil (1995, diante do Grêmio).
Ao todo, Henrique atuou em 292 jogos com a camisa alvinegra e balançou as redes em 17 ocasiões, marcando contra todos os rivais, Palmeiras, São Paulo e Santos. Sua especialidade eram os gols de cabeça. Foi o auge de sua carreira. O bom desempenho no Corinthians levou o jogador ao exterior. Henrique foi negociado com o Tokyo Verdy, do Japão. Mais tarde, voltou ao Brasil e encerrou a carreira no Botafogo de Ribeirão Preto, em 1999. Desde então, está longe dos holofotes.
Em 15 de março do ano passado, data do aniversário de Henrique, o Corinthians usou as redes sociais para parabenizar o ex-zagueiro. A publicação rendeu inúmeras críticas ao clube por parte de seus torcedores e o post foi excluído em seguida. Neste ano, as páginas da equipe na redes não recordaram a data. Em 2020, por exemplo, o clube fez homenagem semelhante, mas não apagou a publicação.
O Corinthians nunca questionou sua participação no crime de Berna. A torcida também não cobrou seu passado. A reportagem tentou encontrar Henrique, mas não conseguiu.
(AE)