O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump confirmou em coletiva de imprensa , na manhã deste domingo, 27, que o líder do grupo jihadista Estado Islâmico, Abu Bakr al Baghdadi, morreu durante um ataque militar americano na região nordeste da Síria.
Abu Bakr al Baghdadi cometeu suicídio ao explodir um colete explosivo. Segundo Trump, nenhum oficial americano morreu durante a ação e onze crianças foram retiradas do local.
A informação já havia sido divulgada pelos canais CNN e ABC, citando altos funcionários do governo como fontes. No Twitter, na madrugada, Trump anunciou, sem dar mais detalhes, que “alguma coisa muito grande” havia acabado de acontecer.
Segundo Trump , Baghdadi estava sob vigilância americana havia algumas semanas e missões foram abortadas antes do lançamento da operação bem-sucedida.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que tem uma ampla rede de informantes no território do país, comandos americanos foram deixados por helicópteros na província de Idlib (noroeste sírio), em uma área onde estavam “grupos próximos ao EI”. “A operação tinha como alvos altos dirigentes do EI”, disse a ONG.
Na manhã deste domingo, combatentes do grupo Hayat Tahrir Al Sham (HTS), um braço sírio da al-Qaeda, tomaram posições em torno de uma casa em ruínas, situada no meio de um olival em Barisha, perto da fronteira turca.
Mazlum Abdi, chefe das Forças Democráticas Sírias (FDS), dominadas pelos combatentes curdos — aliados de Washington na luta contra o EI —, disse no Twitter que a operação foi resultado de um trabalho “conjunto de informação com os Estados Unidos”, sem confirmar, entretanto, a morte de Baghdadi.
A Turquia — que também realizou uma ofensiva contra os curdos no norte da Síria — afirmou neste domingo que houve uma “coordenação” e “troca de informações” entre Ancara e Washington antes da operação. Se ela for confirmada, seria a maior operação contra um dirigente jihadista desde a morte, em 2 de maior de 2011, de Osama bin Laden, líder da al-Qaeda abatido pelas forças especiais americanas no Paquistão.
Ataques aéreos causam pânico
De acordo com o OSDH, os ataques aéreos lançados contra os extremistas deixaram nove mortos em Idlib. Oito helicópteros dispararam contra uma casa e um automóvel nos arredores de Barisha, perto de Idlib, detalhou a ONG. “Não podemos confirmar nem negar a presença de Bagdadi”, afirmou o diretor da OSDH, Rami Abdel Rahman.
Um morador contactado pela AFP na zona de Barisha disse ter ouvido helicópteros e ataques de aviões poucos minutos depois da meia-noite.
— Os aviões voavam a uma altura muito baixa, provocando grande pânico entre as pessoas — relatou à AFP Ahmed al-Hassaui, instalado em um dos acampamentos informais perto do Barisha.
Segundo ele, a operação durou pelo menos até as 3h30m de domingo.
— Tem uma casa destruída, barracas de campanha e um veículo civil danificado, com dois mortos dentro — contou à AFP Abdelhamid, outro morador da Barisha.
Quem é Baghdadi
Não existem registros públicos de Abu Bakr al Baghdadi desde uma transmissão em áudio em novembro de 2016, após o início da ofensiva iraquiana para retomar Mosul. Na gravação ele pediu que seus homens lutassem até que se tornassem mártires.Mosul foi onde o líder do EI fez a única aparição pública conhecida, em julho de 2014, na mesquita de Al Nuri.
Baghdadi, cujo nome verdadeiro é Ibrahim Awad al Badri, supostamente nasceu em 1971 em uma família pobre na região de Bagdá. Apaixonado pelo futebol, ele falhou na tentativa de ser advogado e depois militar, e começou a estudar teologia.
Durante a invasão americana do Iraque em 2003, ele criou um grupo jihadista sem muito impacto, antes de ser preso e encarcerado na gigantesca prisão de Bucca.
Liberado por falta de provas, ele se juntou a um grupo de guerrilheiros sunitas ligados à Al Qaeda. Aproveitando o caos da guerra civil, seus combatentes se estabeleceram na Síria em 2013 e de lá lançaram uma ofensiva no Iraque.
O grupo, que ficou conhecido pelo nome Estado Islâmico, tomou o lugar da Al Qaeda. Os sucessos militares iniciais e a propaganda eficaz levaram milhares de pessoas a se alistarem em suas fileiras. / Com informações da AFP
Discussion about this post