A Terra começa a sofrer, nos próximos dias, os impactos de múltiplas erupções solares identificadas entre o último domingo, 21, e esta terça-feira, 23, pelo Centro de Previsão de Tempo Espacial, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês), dos Estados Unidos.
As erupções solares são fenômenos que se caracterizam pela ejeção de massa coronal (CME, na sigla em inglês) que, ao partir do Sol e chegar à Terra, pode causar uma tempestade geomagnética, cujos efeitos estão o surgimento de auroras boreais (fenômeno que provoca a mudança da cor do céu) e instabilidade em aparelhos que funcionam por onda de rádio de alta frequência.
Essas ejeções de massa coronal também são popularmente chamadas de tempestades solares, provocadas pela emissão de partículas e radiação do Sol. Na Terra, elas podem afetar os sistemas de telecomunicações, satélites e a eletricidade.
“Múltiplas erupções solares e erupções de filamentos solares foram observadas de 21 a 23 de janeiro de 2024. As ejeções de massa coronal (CMEs) associadas foram analisadas e modeladas”, afirma o NOAA em alerta publicado. “Os resultados destas análises mostram impactos potenciais na Terra já no final do dia 24 de janeiro, com impactos mais prováveis entre 25 e 26 de janeiro de 2024.”
Ainda no alerta, o NOAA afirma que “como resultado, os meteorologistas atualmente antecipam os níveis de tempestade geomagnética G1-Minor durante estes três dias, com níveis de tempestade mais elevados possíveis se ocorrer um impacto mais direto e/ou uma conexão mais forte com as linhas do campo magnético da Terra”.
O NOAA não informou a gravidade do fenômeno que atingirá a Terra nos próximos dias. No último domingo, 21, o órgão também emitiu um alerta para a possibilidade de tempestade geomagnética na Terra, de nível moderado, por causa de uma CME expelida do Sol no último sábado, 20.
O NOAA previu que essa erupção solar pudesse provocar influências no nosso planeta entre os dias 22 e 23 de janeiro – ou seja, entre segunda e esta terça-feira.
Segundo o Centro de Previsão de Tempo Espacial, essas “erupções não são incomuns”, e o público “não deve se preocupar”. Mas, informou que o fenômeno da aurora boreal pode se tornar visível nos Estados entre Nova York e Idaho.
“Temos uma, senão duas, tempestades solares indo para a Terra hoje”, escreveu a física espacial Tamitha Skov, no último sábado, no X (antigo Twitter). A primeira foi lançada perto da região 3555. Espera-se que atinja o início do meio-dia de 22 de janeiro. A segunda é uma tempestade lateral lançada perto de 3559. Ela pode nos dar um golpe de raspão em 23 de janeiro”.
Internet afetada
O pesquisador Peter Becker participa de um projeto com a Universidade George Manson e o Laboratório de Pesquisa Naval, nos Estados Unidos, que objetiva criar um sistema para alertar a população cerca de 18 horas antes que as partículas solares comecem a alterar o campo magnético terrestre.
Becker explica que, em uma EMC _ massa coronal – , há grandes erupções de gás ionizado a alta temperatura, que são gerados na coroa solar. Quando o gás atinge o campo magnético terrestre, tempestades geomagnéticas podem ser causadas, o que prejudica os meios de comunicações e as estações elétricas.
“A internet atingiu a maioridade durante uma época em que o Sol estava relativamente calmo. Agora, ele está entrando em uma época mais ativa. Esta é a primeira vez na História da Humanidade que houve um aumento da atividade solar com tamanha dependência da internet — diz o professor à Fox Weather.
O cientista esclarece que uma supertempestade solar já aconteceu anteriormente, em 1859. Atualmente, com a dependência econômica da população da internet, Becker acredita que a ejeção de massa coronal pode desatar um período caótico, já que rede elétrica, satélites, GPS e equipamentos de comunicação ficam vulneráveis.
” No Evento de Carrington, faíscas literalmente voaram das linhas telegráficas. Alguns operadores foram eletrocutados, porque os fios carregavam alta tensão. Isso não deveria acontecer, mas as variações do campo magnético tornaram-se tão fortes que quase viraram um gerador. Agora, a CME poderia realmente fritar os sistemas por várias semanas a meses, e toda a infraestrutura vai precisar ser reparada”, explica Peter Becker.
Como proteger os aparelho eletrônicos
Peter Becker prevê que o atual ciclo solar aumente e atinja o pico em 2024. Segundo o pesquisador, há cerca de 10% de probabilidade de que, na próxima década, “algo realmente grande aconteça e possa acabar com a internet”.
Becker e uma equipe de cientistas realizam a observação do sol e fazem a análise do brilho do corpo celeste. Elas chegam à Terra em oito minutos, o que, segundo ele, marca uma possível interrupção do campo magnético entre 18 e 24 horas. Para o cientista, o aviso é essencial para que os aparelhos sejam desligados e não fritem.
” Há coisas que podem ser feitas para mitigar o problema, e o alerta é um deles. No longo prazo, estamos falando sobre um fortalecimento da internet, o que é um desafio econômico, e o projeto funcionaria como uma apólice de seguro. Você pode nunca precisar isso, e custaria trilhões para realmente fortalecer o sistema”, resume o cientista. (Com informações de Olhar Digital e O Globo)