Nesta terça-feira (8), William Pereira Rogatto, empresário conhecido como o “Rei do Rebaixamento”, fez uma série de revelações impactantes em depoimento à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, do Senado. Rogatto admitiu ter orquestrado um esquema ilegal que manipulou resultados no Campeonato Brasiliense, o Candangão, e em diversas outras competições no Brasil e no exterior.
Em seu testemunho, o empresário confessou ser responsável pelo rebaixamento de 42 equipes no futebol brasileiro, utilizando sua influência sobre jogadores e dirigentes para alterar o desfecho das partidas. Rogatto afirmou que já faturou cerca de R$ 300 milhões com essas atividades fraudulentas, que teriam se estendido a competições em nove países, incluindo a Colômbia. “Eu rebaixei 42 times e sou conhecido como o Rei do Rebaixamento”, declarou, justificando que o “sistema falho” favorecia a manipulação de resultados.
Rogatto, que atualmente reside em Portugal, também admitiu ter utilizado a Sociedade Esportiva Santa Maria, do Distrito Federal, para adulterar jogos durante o Candangão de 2024. O clube foi rebaixado com apenas três pontos, em último lugar. O empresário pediu desculpas à presidente do clube, Dayana Nunes, explicando que entrou na gestão do Santa Maria com promessas de reforçar o elenco, mas acabou enfraquecendo o time intencionalmente para lucrar com as apostas. “Enganei a presidente do clube, enfraqueci o time e rebaixei o Santa Maria”, confessou.
Rogatto revelou ainda que o esquema de manipulação, do qual faz parte desde 2009, é muito maior e envolve diversos setores do futebol, incluindo árbitros, dirigentes de federações e até políticos. Ele mencionou que árbitros, que recebem em média R$ 7 mil por jogo, aceitavam propinas de até R$ 50 mil para favorecer o esquema. O empresário destacou que o esquema é operado há mais de 40 anos e que envolve grandes nomes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). “Eu sou só uma ferramenta; o mundo do futebol é muito mais do que se imagina”, afirmou.
Durante o depoimento, Rogatto também citou o empresário americano John Textor, dono da SAF do Botafogo, que havia denunciado manipulações no Campeonato Brasileiro de 2022 e 2023. “Chamam ele de louco, mas não é tão louco assim”, comentou Rogatto, insinuando que as denúncias de Textor podem ter fundamento.
Apesar das revelações, Rogatto demonstrou preocupação com sua segurança e recusou a proposta de delação premiada feita pelo senador Romário (PL-RJ), relator da CPI. O empresário afirmou que as ameaças que recebe de pessoas envolvidas no esquema, como presidentes de clubes e árbitros, tornam insuficientes as medidas de proteção oferecidas.
Com informações de Sporting News e ESPN