Em Humaitá está assim, como mostra a foto de Ueslei Marcelino, da Agência Reuters |
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Um paraense que mora em Humaitá, no Amazonas, relatou ao Ver-o-Fato que garimpeiros incendiaram florestas e ainda soltaram fogos em cima de suas balsas, comemorando os crimes ambientais. A fonte mora no município que faz divisa do Amazonas com Rondônia, onde os incêndios são os maiores da Amazônia neste mês de agosto, inclusive os criminosos.
“Estamos respirando fumaça desde julho. Tudo pegou fogo aqui. As casas são só fuligem das queimadas. As pessoas têm doenças respiratórias e principalmente nos Estados de Rondônia e Acre, que são aqui do lado, não é possível ver o sol”, afirma.
De acordo com o paraense, que não se identifica por temer represálias, muitos quilômetros de florestas já foram queimados. “Imagine se estender pelo Acre, fronteira com a Bolívia, Sul do Amazonas, Estados de Rondônia e Mato grosso. É inacreditável o que aconteceu. Não é invenção. Eu estou aqui, não ia inventar. Teve queimadas no ano passado sim, mas foram dois dias de fumaça. Isso é bem diferente de um mês. Realmente as pessoas que não estão aqui nunca vão acreditar que é bem pior”.
Segundo ele, “os garimpeiros mandam em Humaitá e todos estão pactuados com a prefeitura. O Ibama não se mete, não pode multar. O garimpo é o maior sustento do local. Existe uma verdadeira máfia dos garimpos”.
Ele questiona se esses garimpeiros não estariam a mando de estrangeiros e afirma que “o garimpo fica no Rio Madeira e todo mundo da região sabe dos crimes, mas ninguém fala nada por medo de serem mortos”.
O medo é constante. “Ninguém pode se meter. É um caso a ser investigado, mas eu não tenho coragem de fazer denúncia. Eles mandam logo matar. Na frente da cidade é cheio de balsas dos garimpeiros. Aqui têm loja com nome “Casa do Garimpeiro”.
A fonte lembra que Humaitá têm histórico de que o Ibama não pode multar ninguém. “Já atearam fogo nos prédios, nos carros e barcos do órgão. Os agricultores da soja saíram queimando tudo porque sabiam que não ia acontecer nada com eles. Ver este descaso é triste”.
Ele garante que os governos federal e estadual sabem e que a prefeitura apoia os garimpeiros. “O prefeito ia perder o mandato por isso, mas deu um jeito de ficar. O garimpo é o sustento de uma parte da população. Se a gente fala alguma coisa sobre isso, eles vêm para cima”, afirma.
A situação é complicada, segundo ele, porque o governo quer autorizar os garimpos na Amazônia, e em terras indígenas. “É problema de todo lado. São os nossos rios, é a nossa água que fica contaminada com mercúrio”, completa.
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