A tensão entre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o bilionário Elon Musk, proprietário da rede social X (antigo Twitter), atingiu um novo patamar, com ironias e intimidações públicas envolvendo as duas figuras de destaque.
Na madrugada desta quarta-feira, Musk lançou uma provocação visual em sua plataforma. À 1h39, pelo horário de Brasília, o bilionário publicou uma imagem gerada pela inteligência artificial Grok, de sua própria autoria. A montagem, que mistura elementos das franquias Star Wars e Harry Potter, apresenta o ministro Moraes em uma toga, empunhando sabres de luz e com olhos maquiados, numa alusão ao universo dos Sith e ao vilão Voldemort.
O comando para gerar a imagem foi: “Crie uma imagem como se Voldemort e um Lord Sith fossem um só e se tornassem um juiz no Brasil”, seguido de um comentário de Musk: “É estranho!”.
Este ato de ironia vem em um momento particularmente delicado. Poucas horas antes, o ministro Moraes havia dado um ultimato a Elon Musk: o X deveria nomear um novo representante legal no Brasil dentro de 24 horas, sob pena de enfrentar a suspensão de suas operações no país. A decisão de Moraes, que foi divulgada na própria plataforma X, destaca a necessidade de que a rede social respeite as leis brasileiras, incluindo a exigência de uma representação legal local.
A intimação via rede social é uma prática inédita, refletindo a complexidade da situação. O STF marcou diretamente o perfil de Musk na publicação, justificando a escolha do meio pela ausência de um representante legal do X no Brasil e pela necessidade de informar a advogada registrada no processo.
A raiz da disputa é o não cumprimento de decisões judiciais relacionadas a multas e bloqueios de perfis que, segundo Moraes, promovem ataques às instituições democráticas. Em resposta ao descumprimento, o ministro havia aumentado a multa diária de R$ 50 mil para R$ 200 mil até que as ordens fossem efetivamente cumpridas.
O clima de animosidade foi intensificado com o X anunciando no último sábado o “encerramento das operações” no Brasil, embora o serviço continuasse acessível aos usuários. A rede social justificou a medida como uma reação às ordens judiciais, incluindo uma ameaça de prisão para a administradora local, Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição, e multas adicionais para a empresa.
Em seu comunicado, o X alegou que a decisão de fechar o escritório no Brasil visava proteger sua equipe, que, segundo a plataforma, estava sendo indevidamente ameaçada. A empresa também criticou o STF por não considerar seus recursos e por não seguir o devido processo legal.
A situação entre o X e o STF continua a evoluir, com Musk e Moraes se enfrentando em um jogo de gato e rato que mistura leis, ironias digitais e questões de governança global. O desfecho desse embate poderá ter implicações significativas para o funcionamento da plataforma no Brasil e para a dinâmica entre o poder judicial e as grandes corporações tecnológicas.