O debate livre e franco de ideias entre candidatos à prefeitura de Belém é fundamental para que o povo possa avaliar, julgar e melhor escolher em quem depositar seu voto.
A fuga ao debate, por outro lado, representa menosprezo a quem o promove, desrespeito aos eleitores que iriam assisti-lo, além de forte indício de que o fujão não tem nenhum apreço pela democracia. A não ser, claro, aquela democracia da boca para fora, que é a democracia vendida no mercado de utilidades da conveniência política.
O Ver-o-Fato, no domingo passado e pouco tempo depois da divulgação do resultado final das urnas, mandou mensagens para as assessorias dos candidatos Edmilson Rodrigues (Psol) e Everaldo Eguchi (Patriota), parabenizando-os pela vitória, a ida ao segundo turno e, ao mesmo tempo, convidado-os para o debate deste domingo,22.
A partir daí, algo estranho passou a ocorrer. Não houve nenhuma resposta, apesar de nossa insistência na formulação do convite. Isso se prolongou por seis longos dias, até ontem, sábado, dia 21. No mínimo, indelicadeza.
Na quarta-feira, 18, publicamos a primeira chamada do debate, tornando públicas as regras para que todos soubessem a forma transparente e aberta com a qual pretendíamos questionar, ouvir e fazer com que os dois candidatos também fizessem perguntas entre eles, com temas livres e específicos.
Na quinta-feira, 19, comunicamos à Justiça Eleitoral, por meio do escritório do advogado Walmir Santos Neto, a realização do debate. Publicamos na edição de ontem, 21, o documento de comunicação do debate e o protocolo da Justiça Eleitoral, que exige comunicação prévia com 72 horas de antecedência.
Por tudo o que ocorreu, a única resposta que fica é a certeza de que os candidatos Edmilson e Eguchi fugiram do debate nas redes sociais promovido pelo Ver-o-Fato, porque temiam ser constrangidos por questionamentos lúcidos e pertinentes de jornalistas convidados e do cientista político Elson Monteiro. Pessoas sem vínculo com nenhum governo. A regra diferente na forma de fazer debate político no Pará parece ter apavorado os dois candidatos.
Ora, este seria o momento de Edmilson e Eguchi – que tanto se acusam pelas redes sociais, atirando farpas e mentiras um contra o outro, inclusive pegando a corda esticada por seus militantes e assessores pouco empenhados em checar o que divulgam – aparecerem no debate, fazerem o jogo cara a cara da verdade, responderem às nossas perguntas e passarem tudo a limpo.
Quem tem medo da verdade certamente não foge e nem se refugia no silêncio ensurdecedor. Também não ofende a inteligência dos eleitores que buscam explicações sobre notícias que correm sob rastilho de pólvora pelas redes sociais.
Vê-se, ao fim e ao cabo, travestido de campanha eleitoral, o achincalhe, a ofensa, a esquizofrenia ideológica de grupos à esquerda e à direita, num bate-boca rasteiro, de baixo nível intelectual e moral que em nada contribui para que se saiba o que pensam os dois candidatos que querem governar Belém.
No debate no Ver-o-Fato, do qual os fujões quiseram distância, Edmilson e Eguchi teriam a oportunidade de uma discussão franca e aberta, inclusive entre eles, com perguntas de um para o outro. E neste ambiente democrático de troca de ideias não haveria lugar para maquiagem, manipulação ou subterfúgios, nem ofensas pessoais.
Porém, os que cultivam a índole autoritária, os que preferem deitar falação e ódio, cultuando o monólogo e o autoelogio, falando o que lhes vêm à cabeça sem nenhuma preocupação com a coerência dos fatos, optaram por manter fechada uma porta democrática que para eles havia sido aberta.
É lógico, e temos apenas a lamentar, que ambos assim agem porque não suportam o diálogo, o contraditório, o enfrentamento de argumentos diferentes dos seus pontos de vista e propostas de campanha. Algumas dessas propostas, aliás, apoiadas num populismo de quinta categoria, no assistencialismo barato de apenas dar o peixe sem ensinar a pescar, de prometer o que sabem que não vão cumprir e de também abusar da paciência dos que irão às urnas no próximo dia 29 sem dizer a esses eleitores de onde irão tirar dinheiro para tantas obras que anunciam.
O Ver-o-Fato cumpriu sua missão de tentar fazer com que os candidatos Eguchi e Edmilson aparecessem para esse combate salutar de ideias. Como fugiram e não deram satisfações, que as urnas julguem esse comportamento.
Com a palavra, no próximo domingo, 29, os eleitores conscientes e livres de Belém.
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