Menos de duas horas sem energia elétrica – e naturalmente também sem redes sociais – na maioria dos estados brasileiros, incluindo todo o Pará, foram suficientes para comprovar, de uma vez por todas, um fato assustador e digno de estudos sobre comportamento: somos todos dependentes da tecnologia e não vivemos sem ela.
Nossa sociedade – ao contrário dos seres humanos ditos primitivos, que de primitivos não tinham nada, a não ser as comparações esdrúxulas que fazemos para nos distinguir deles – está completamente despreparada para enfrente um blecaute, ou seja, sem energia elétrica, sem água, sem celular, sem TV e sem Internet para jogar conversa fora com amigos, desconhecidos, ou simplesmente ler e compartilhar notícias.
Nos sentimos isolados, pensativos, abandonados. “O que houve com o mundo, parou?” “Por quê estou sem comunicação?” “Não ouço ou falo com ninguém e ninguém fala comigo ou me ouve?”
“Meu Deus, estou confuso e perdido”. “É o fim dos tempos. Só falta agora uma invasão alienígena para fechar meu caixão”.
Milhões de brasileiros, acostumados com o frenesi cotidiano, devem ter experimentado sensações diversas, próximas de um ataque de pânico, nessas menos de duas horas de “escuridão” tecnológica. Mesmo com o retorno da energia elétrica, duas horas depois, especialmente no Pará, o trauma não passou.
A pergunta que explode no ar, sem resposta: sinceramente, e se fosse um dia inteiro sem nada, um olhando para a cara do outro, dentro de casa, na rua ou escritório, hospital, feira ou padaria? O que você faria? Ficaria calmo, de boa, esperando a energia voltar, mesmo sabendo que o apagão era nacional? Ou entraria em desespero?
Com a palavra, você, leitor.