O deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) ficou enclausurado em seu gabinete na Câmara desde a noite da terça-feira, 16, quando saiu a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que cassou o seu mandato por unanimidade, e ficou por lá até às 3h da madrugada desta quarta-feira, 17.
Em conversas ouvidas pela reportagem, assessores relataram que o deputado estava “com vontade de chorar” e falam em “clima péssimo” dentro do gabinete. Para sobreviver às mais de 5h de reunião de crise que se somam ao acompanhamento da votação no TSE, Dallagnol dividiu uma pizza de queijo com pepperoni e um refrigerante de guaraná, sua bebida favorita.
Ao longo da noite, o deputado cassado recebeu a visita de seis parlamentares: a presidente do seu partido, Renata Abreu (SP), acompanhada de Dr. Victor Linhalis (Podemos-ES), e mais quatro deputados bolsonaristas – entre eles, Marcel van Hattem (Novo-RS).
“Nunca o vi assim”, disse um dos parlamentares numa conversa entre eles. “Eu me emocionei”, completou Van Hattem, sobre a cena. Assessores circularam pelos corredores algumas vezes para conversas ao telefone. “O clima está péssimo”, afirmou um dos membros da equipe de Dallagnol. “Ele estava com vontade, mas não o vi chorar” disse outro, em ligação por telefone. Por segurança, a porta do gabinete ficou trancada para evitar visitas inesperadas.
Estiveram reunidos na equipe dentro do gabinete mais de dez pessoas. O deputado só deixou sua sala às 3h da manhã. Deltan Dallagnol não quis responder a nenhuma pergunta do Estadão.
“Vozes de eleitores cassadas”
O deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmou que vozes dos eleitores paranaenses foram “caladas” após ter o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta terça-feira (16). “344.917 mil vozes paranaenses e de milhões de brasileiros foram caladas nesta noite com uma única canetada, ao arrepio da lei e da Justiça.”
“Meu sentimento é de indignação com a vingança sem precedentes que está em curso no Brasil contra os agentes da lei que ousaram combater a corrupção. Mas nenhum obstáculo vai me impedir de continuar a lutar pelo meu propósito de vida de servir a Deus e ao povo brasileiro”, disse. (AE e G1)