Após as gravações circularem em grupos de PMs e policiais civis, João Bosco pede desculpas aos PMs em vídeo, mas o estrago já estava feito
O vazamento de um áudio, gravado pelo delegado da Polícia Civil, João Bosco Fagioli, e enviado por aplicativo de mensagem a um grupo privado de trabalho, em que ele, muito exaltado, repreende seus comandados e compara policiais militares a vagabundos, criou um grande mal estar entre a tropa e a Secretaria de Segurança Pública.
Mesmo com a retratação do delegado, que gravou um vídeo em que pede desculpas aos policiais militares pelas declarações, há uma grande mobilização entre os PMs para que seja feita uma queixa-crime na Corregedoria da Polícia Civil e posteriormente ajuizado um processo contra o delegado.
No total, vazaram três áudios, gravados e enviados a um grupo de policiais civis pelo delegado João Bosco Fagioli, lotado na Vila dos Cabanos, em Barcarena, na Região do Baixo Tocantins, nordeste paraense. No terceiro áudio, ele diz que “palavra de PM e de vagabundo é a mesma coisa”, depois de descobrir que duas motos supostamente roubadas, apresentadas por policiais militares na Delegacia de Vila do Conde, na verdade não eram roubadas.
Neste último áudio, bem exaltado com a falha de seus comandados, que de fato não checaram se as motos eram roubadas antes de fazerem o procedimento de receptação, o delegado diz, entre outras coisas, o seguinte:
“Preguiça de sair e verificar”
“ADM (agente administrativo) não é escrivão. Acabou essa farra. E. (nome da servidora) você recebeu duas motos, você me passou que eram motos roubadas. Eu perguntei: é roubada?… é roubada (resposta). No outro dia, a C. (outra servidora) fez os dois procedimentos de interceptação por posse (de motos roubadas). Era o plantão da L. (outra funcionária) e em nenhum momento, ninguém quis ir lá conferir, nem no dia do procedimento, nem no dia da apresentação. Preguiça de ADM e investigador de sair e verificar (se as motos eram mesmo roubadas)”.
E mais: ” (…) Instaurar dois procedimentos de moto roubada, sem ser roubada, porque teve preguiça de olhar a p…. do chassis, aí é sacanagem… Não ver chassis de moto e acreditar em palavra de PM… Palavra de PM e palavra de vagabundo é a mesma coisa. Vocês sabem que os caras são comprometidos com a produção deles, eles inventam um número qualquer e vocês colocam, p….”
Depois que os áudios vazaram, provavelmente por parte de quem não gostou de ser advertido de tal forma, houve compartilhamentos em vários outros grupos de aplicativos, botando o delegado no centro das acusações. Pressionado, ele pediu desculpas publicamente, mas o estrago já estava feito.
“Todos os policiais militares que se sentiram ofendidos com as palavras do delegado João Bosco Fagioli – Vila dos Cabanos, é só entrar em contato com o advogado Cel. Favacho, pois iremos entrar com uma queixa-crime na corregedoria da Polícia Civil e posteriormente processá-lo por dizer que palavra de PM e vagabundo é a mesma coisa”, diz uma postagem que circulou em grupos de aplicativos da tropa.
Ouça os áudios do delegado:
Veja o vídeo do delegado pedindo desculpas: