Muita gente se surpreendeu com a chegada sorrateira do Natal. Quando nos atentamos, já era o dia. Se o costume é sempre comprar uma roupa nova, dar um tapa na cabeleira, comprar presentes e reunir com a família, dessa vez não vai ser assim para grande parte das pessoas. Nem a chuva, que é nossa neve, tem anunciado a data. Papai Noel é do grupo de risco e, segundo muitos pais, padrinhos e tios esquecido e desprevenidos, só vai aparecer no Ano Novo.
Lá no Comércio, ou “lá em baixo” – para os mais antigos – as curtíssima ruas pareciam a Av. Nazaré durante a procissão do Círio. Em uma mesma rua era possível ouvir o idioma português – com as variantes belemense, cametaense, cearense e malaquês – , o mandarim dos raivosos patrões chineses, o inglês dos ganeses, espanhol dos venezuelanos e toda forma de assobio tão sofisticado, mas tão sofisticado, que merece o status de idioma.
O mesmo produto tem pelo menos 5 preços diferentes no mesmo perímetro, pois eles dão o preço conforme sua cara, portanto, era evitável ir com roupa florida para não parecer turista. Também é recomendável saber escolher sua compra em movimento, pois, caso pare para pensar, a multidão te leva ou no minímo tu levas uma careta de desaforo.
Entre os comerciantes houve atrito por espaço. Disputando as ruas mais movimentadas, como a João Alfredo, teve briga entre os ganeses e paraenses. Literalmente não falavam a mesma língua mas disputavam o mesmo espaço. Não deu outra. Em maior número, os nativos ficaram na área. Mas a briga levantou um precedente perigoso de conflito.
Nos shoppings a única diferença é que lá tem ar condicionado. Teve corre-corre no Pátio porque teve briga de dois marmanjos, mas que na boca do povo virou arrastão, incêndio e atentado terrorista.
O trânsito ficou como se a todo momento fosse 18:00 horas e uma passarela tivesse caído na Almirante Barroso. Muita dor de cabeça e no bolso (para quem pega Uber).
Os supermercados não destoavam da realidade de tráfego do Comercio. Era tanto carrinho se batendo que funcionários tinham que organizar o “trânsito”. Pelo menos não tinha multa. Mas tinha o preço enorme dos alimentos e filas quilométricas para o caixa. Com certeza a ceia vai ser mais modesta.
Sem muita aglomeração, sem baladas, sem roupa nova e presentes mesmo só para as crianças, o Natal desse ano nos pegou quase de surpresa e vai ser marcado pelo sentimento de tudo ser em cima da hora, mais do que normalmente já tem sido.
Foi corrido, mas que seja feliz.
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