No Ocidente, toda crise é motivo para sentir Medo. Pelas antigas sabedorias do Oriente, uma crise é entendida como uma oportunidade de – mudança. Significa que algo se esgotou, envelheceu, não serve mais, tem que ser substituído e eis – que alegria – que, com a crise, a oportunidade de mudar chegou. E assim, a crise é bem-vinda.
Nestes tempos de isolamento forçado, atravessando esta Crise de Vírus, o que ela nos ensinará?
Aprenderemos a conviver melhor uns com os outros, tendo aprendido primeiro, em solidão criativa, a conviver melhor conosco mesmo? E praticaremos, entre quatro paredes – cada um em seu canto, mas com sentimento coletivo, enquanto o isolamento durar, como durou o Inverno para o Mestre Zen que inventou o Judô – a voar mais livres e melhor quando a gaiola se abrir?
Sim, se tomarmos consciência de que vivíamos livremente aprisionados por rotinas exaustivas e tantas vezes vazias e sem sentido. E que, na verdade, em nossos voos, frequentemente a ave em nós terminava tropeçando em suas asas e caindo. Aproveitemos, então, nosso isolamento social para reescrever os amedrontados dicionários ocidentais. Que assim definem a palavra Crise: Do latim crisis, -is, do grego krísis, -eós, ato de separar. Conjuntura ou momento perigoso, difícil ou decisivo.
Na próxima VIDA, observando o exemplo das transformações da Água, seremos brevemente iniciados em como abrir caminho para uma libertação desses temores, e aprendermos a fluir. Isso seria assimilarmos seu Dom das Metamorfoses. Das mutações dessa Água que não teme passar por formas sempre variantes, ora líquida, ora vapor, ora nuvem, ora gelo.
E aceita todas essas mutações porque sabe que no fundo é sempre a mesma: Água. A Água aceita viver – de crise em crise. Essa é a sua lição para nós, homens. Para superarmos nosso ocidental Medo de mudanças em nossas vidas, e ir além do nosso viver de rotina em rotina.
E passada esta crise virulenta teremos aprendido a usá-la como uma oportunidade para mudanças que nos tornem menos feridos pela vida.
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