A brutalidade contra a mulher fez mais uma vítima em Marabá, no sudeste do Pará, na noite do último sábado (14). Um crime que choca e revolta, expondo a barbárie de um problema estrutural que insiste em perpetuar-se. Wesley do Vale de Jesus foi preso em flagrante pelo feminicídio da ex-mulher, um ato covarde que mancha ainda mais a história de violência contra as mulheres neste país.
A frieza dos detalhes é perturbadora: Wesley golpeou a vítima com uma faca na região do tórax. Não satisfeito com a barbárie, fugiu para se esconder em um imóvel na Folha 33, onde foi encontrado pela Polícia Militar. A movimentação das autoridades na busca pelo criminoso gerou grande repercussão na comunidade, que assistiu atônita a mais um caso de violência extrema contra uma pessoa indefesa.
O socorro da família à vítima, apesar de imediato, não foi suficiente. Ela faleceu antes mesmo de chegar ao hospital. Uma vida interrompida, mais um nome na lista interminável de mulheres que clamam por justiça.
O crime torna-se ainda mais revoltante ao se descobrir que a vítima havia solicitado uma medida protetiva de urgência no dia 7 deste mês, apenas uma semana antes de ser brutalmente assassinada. Ela já sofria ameaças de Wesley, e a medida protetiva, que deveria ser um escudo de proteção, mostrou-se insuficiente para impedir o desfecho trágico.
Segundo o relatório policial, de acordo com informações do portal Correio de Carajás, o criminoso foi contido por populares até a chegada da Polícia Militar. Em seguida, foi apresentado à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Marabá, onde o caso está sendo conduzido. Mas a prisão, por si só, não devolve a vida perdida nem apaga o sofrimento de quem fica.
Uma sociedade em falha
Quantas medidas protetivas serão ignoradas até que o sistema realmente funcione? Quantas vidas femininas serão ceifadas antes que a sociedade trate a violência contra a mulher como a emergência nacional que é? O assassinato em Marabá é o reflexo cruel de uma cultura que ainda tolera, relativiza e silencia a violência de gênero.
A indignação não pode ser efêmera. Este crime é um chamado à ação – à necessidade de endurecimento das leis, ao fortalecimento das redes de proteção às mulheres e à educação que desconstrua o machismo estrutural. Cada feminicídio é um fracasso coletivo, uma ferida aberta que não cicatriza enquanto a justiça não for plena e preventiva.