Se já não bastasse o aumento absurdo da conta de luz nos últimos meses, que em alguns casos quase triplicou, a empresa Equatorial, atual concessionária de energia elétrica de Belém, continua descumprindo as normas, desrespeitando os clientes, cortando a luz sem reaviso e cobrando taxas abusivas, sob a complacência das autoridades ditas competentes.
A constatação é de consumidores ouvidos pelo Ver-o-Fato, que não terão suas identidades reveladas. São muitas as queixas contra a empresa, que foi uma das campeãs de reclamações no ano passado, em plena pandemia de Covid-19, em que as pessoas estavam fragilizadas, mas mesmo assim foram prejudicadas pela concessionária.
Um cidadão residente no Marco afirmou que teve a luz cortada pela empresa, mesmo sem receber o reaviso de vencimento. Segundo disse, ele estava viajando a trabalho e quando chegou em casa encontrou todos os alimentos que estavam na geladeira estragados. Indignado, ele foi reclamar pelo telefone disponível, mas foi atendido por um robô, “que não resolve nada, só enrola as pessoas.”
O jeito foi pagar a conta para que a luz fosse religada, mesmo ele afirmando que tinha um prazo de carência que a empresa não cumpriu. Em uma agência da Equatorial, ele registrou a reclamação e pediu que a energia elétrica fosse reativada imediatamente, mas foi então que veio outra contrariedade, com a cobrança de uma taxa de R$ 112,42.
“Uma taxa abusiva, para religar imediatamente a luz que nem deveria ter sido cortada”, reclamou ele, que preferiu esperar o prazo de 24 horas – outro absurdo – para a energia voltar. Mesmo assim, vai pagar a taxa de R$ 37,07. “Só posso pensar que a Equatorial está cortando a luz antes do prazo para forçar o consumidor a pagar essa taxa absurda da religação de emergência”.
A escuridão dos descerebrados da Equatorial
“Criaram um relacionamento para alertar o usuário. Pura mentira. Tive a luz cortada, sem reaviso e relacionamento. Lamento não a escuridão de casa, mas a escuridão desses descerebrados , que teimam em não cumprir normas e agem nas sombras da impunidade”, publicou outro cidadão na rede social. Ele reside no bairro da Estrada Nova.
Outro morador de Belém que costuma pagar a conta de luz no final do mês, quando recebe o salário, ao final do prazo de reaviso de vencimento, disse que a Equatorial diminuiu o prazo do pagamento e ele teve a luz cortada. Segundo ele, o prazo terminaria no final de semana, então a empresa teria que dar mais um dia útil de prazo, que seria uma segunda-feira, mas ao meio-dia a luz foi cortada.
O cidadão ficou mais indignado ainda quando ligou para a concessionária e foi atendido por um robô, ficando sem poder resolver o problema pelo telefone. Ele afirmou que também procurou uma agência da empresa e após registrar a reclamação, pediu para mudar a data de pagamento, mas o atendente disse que havia o risco da cobrança chegar muito antes do prazo.
“Preferi não mudar a data, porque no ano passado eu pedi para trocar o prazo e acabei recebendo duas faturas no mesmo mês. Isso é muita falta de respeito com os clientes”, disparou.
Cobranças indevidas
No decorrer da pandemia de Covid-19, o Procon do Pará, que é um órgão governamental, ligado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), portanto sofre influência política, recebeu diversas denúncias sobre cobranças indevidas na conta de energia.
Inicialmente houve uma reunião entre representantes do órgão e da Equatorial Energia, que foram questionados quanto ao processo de medição do consumo de energia e sobre as ações da empresa para ajudar os consumidores.
Houve também o pedido de prorrogação dos parcelamentos das contas em atraso, para evitar a inadimplência dos consumidores. Mas, ficou só na conversa, não deu em nada.
Outro morador de Belém que também viu a conta de luz aumentar em mais de 50% lembrou que havia no governo anterior uma proposta de um deputado da oposição da diminuição da cobrança do ICMS para diminuir o preço da energia elétrica.
Segundo ele, esta proposta poderia ser retomada pelo deputado, que hoje integra a bancada de sustentação do governador Helder Barbalho na Assembleia Legislativa.
Pelo visto, o deputado que no passado era oposição ao governo, mas hoje é situação, engoliu a própria língua. Portanto, hoje está mudo e conivente com as barbaridades praticadas pela Equatorial.