O vice-presidente nacional do PDT, o presidenciável Ciro Gomes, esteve em Belém e falou para uma plateia de cerca de 200 estudantes no Espaço Recreativo da UFPA, popularmente conhecido como Vadião, na última sexta-feira,11. No evento promovido pelo Fórum Acadêmico Permanente e pela União Nacional dos Estudantes (UNE), Ciro apresentou sua ideia para um Plano Nacional de Desenvolvimento, que passaria pela reconstrução do crédito do brasileiro endividado, pela recuperação da indústria nacional e pelo desenvolvimento estratégico da economia, entre outros pontos.
Ciro criticou o governo Bolsonaro pela reforma da previdência e pelo modelo neoliberal de entrega do patrimônio nacional, como a Petrobrás e a Embraer. Mas reconheceu pelo menos uma atitude “positiva” no governo atual. Na questão da segurança, Ciro afirmou que Bolsonaro está fazendo uma coisa que no Ceará, estado de origem de Ciro, percebeu-se ser a medida adequada ao combate à criminalidade. “O ideal é isolar as lideranças das facções criminosas em presídios federais, e isso ele [Bolsonaro] está fazendo”, afirmou.
O ex-ministro de Lula e de Itamar Franco foi perguntado sobre o papel da Amazônia no Projeto Nacional de Desenvolvimento. Fugiu de descrever ações específicas e disse que para elaborar esse papel é preciso ouvir pelo menos quatro instituições que são referências em conhecimento sobre a região, a saber, a UFPA, UFMA, INPA e Museu Emílio Goeldi. “Sem desmerecer as demais, mas essas instituições tem muito acúmulo sobre o conhecimento da região”, afirmou ele quando perguntado pelo repórter do Ver-O-Fato, antes de a palestra começar.
O político resumiu, porém, que as visões atuais sobre a região se dividem entre os exploradores predatórios e os “preservacionistas”, que às vezes ignoram, segundo ele, o direito dos amazônidas de gozar da riqueza da região. Segundo ele, o povo da região Norte tem o direito de “ser rico”.
Após a palestra, Ciro Gomes respondeu uma pergunta semelhante, de um internauta que acompanhava a palestra pelo Facebook dos organizadores, mas ela dizia sobre o papel do Marajó e seus 16 municípios no Projeto de Ciro Gomes para o Brasil. A resposta pareceu mais dura do que um apaixonado pelo Marajó poderia esperar. Ciro disse que um Plano Nacional não comportar detalhes de agrupamentos de municípios dessa natureza e afirmou que se fosse oferecer uma saída para o desenvolvimento do Marajó sem a participação do povo do lugar, ele estaria ignorando o princípio de alteridade necessário para governar.
As palavras de Ciro soaram duras, mas refletem a necessidade de organização territorial da Amazônia, a partir da sociedade civil. Por outro lado, dados os baixíssimos índices de desenvolvimento humano na região, nos mostra também a dificuldade que essa organização social tem de se estabelecer.Como a palestra anunciava temas como Soberania Nacional, Amazônia e Educação, o sentido a ligar esses temas ficou apenas subentendido na afirmação de alteridade de Ciro, que, ademais, apresentou propostas e conceitos que vem apresentando desde a campanha presidencial passada.
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