Estratégia, segundo o jornal paulista, visaria vagas no Senado e serviria para neutralizar críticas sobre domínio do MDB nas eleições de 2026
Brasília – A política paraense vive um momento de articulações intensas, com o partido União Brasil demonstrando interesse em filiar Francisco Melo Filho, conhecido como Chicão, deputado estadual e atual presidente da Assembleia Legislativa do Pará, além de membro do MDB. A movimentação, noticiada pela Folha de S. Paulo, visa a posicionar Chicão como a principal figura do União Brasil no estado, em um cenário de reconfiguração política para as eleições de 2026.
O Ver-o-Fato procurou o deputado Chicão em Belém, para comentar a informação do jornal paulista. A resposta dele, por meio de sua assessoria, foi taxativa: ” Isso não tem a menor procedência. É uma “barrigada” da Folha. O deputado está muito bem no MDB e na presidência do diretório municipal do partido em Ananindeua”. “Barrigada”, no jornalismo, ocorre quando um veículo divulga uma informação equivocada e não checada.
Segundo a Folha, a estratégia do União Brasil emerge em um contexto de turbulência para o atual ministro do Turismo, Celso Sabino, que pertence à legenda. Sabino, enfrenta um processo de expulsão do partido por ter desobedecido à determinação de deixar o governo Lula. Esta situação cria a necessidade de o União Brasil buscar um novo nome de destaque para o Pará, encontrando em Chicão um potencial substituto para a representação partidária.
“As conversas para a possível filiação de Chicão estão ocorrendo com o conhecimento do governador do Pará, Helder Barbalho, do MDB. O objetivo central desses diálogos é manter o União Brasil alinhado à base governista de Helder Barbalho”. A projeção, segundo o jornal, é que o governador Helder Barbalho e Chicão formem uma chapa para disputar as duas vagas ao Senado nas eleições de 2026. Essa aliança senatorial desenha um panorama de fortalecimento da base política do governador no estado.
Uma vantagem estratégica que a potencial mudança de partido de Chicão traria, ainda de acordo com o artigo da coluna Painel, da Folha, seria a neutralização de críticas. Essa manobra política evitaria que o MDB fosse percebido como o partido que concentraria “todos os cargos principais na eleição do ano que vem no estado”, o que poderia gerar descontentamento ou desgaste político.
O ministro Celso Sabino, apesar de seu processo de expulsão, também se coloca como pré-candidato ao Senado. Ele conta com a visibilidade de seu cargo ministerial e seu papel na organização da COP30 para impulsionar sua campanha. A expectativa é que Sabino procure um novo partido para sua filiação. Contudo, ele promete manter-se como aliado de Helder Barbalho, inclusive na campanha eleitoral, indicando que, mesmo com a mudança de sigla, a lealdade ao grupo político do governador permaneceria.
O cenário político paraense para 2026, delineado pelas informações divulgadas pela Folha, aponta para uma complexa teia de movimentos partidários e alianças estratégicas. A possível ida de Chicão para o União Brasil, com a chancela do governador Helder Barbalho, sinaliza um esforço para redefinir as forças políticas no estado, buscando consolidar uma chapa majoritária forte para o Senado e, ao mesmo tempo, gerenciar a percepção pública sobre a distribuição de poder entre as legendas.
A situação de Celso Sabino, que busca um novo partido enquanto mantém sua aliança, adiciona uma camada de complexidade a essas articulações, evidenciando que os bastidores da política estadual estão a todo vapor em preparação para o próximo ciclo eleitoral.
* Reportagem: Val-André Mutran (Brasília-DF), especial para o Portal Ver-o-Fato.















