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Um novo caso de perseguição e assédio moral no trabalho acabou na polícia e, agora, também na justiça. Ocorreu na Secretaria de Finanças (Sefin), da prefeitura de Belém. A servidora Ileide Montenegro que denunciou o assédio, respondeu a um procedimento administrativo disciplinar, conhecido por PAD, porque teria se recusado a atender preferencialmente uma contribuinte que gravou um vídeo dentro da sala da servidora (veja, acima). O PAD foi arquivado, porque ficou comprovado, durante a apuração, que Ileide não cometeu qualquer infração disciplinar.
A servidora não perdeu tempo e ingressou na Justiça com um processo por assédio contra a direção da Sefin e também contra a contribuinte, recebendo a assistência da Defensoria Pública. Em decorrência das pressões no trabalho, Ileide está há um ano em tratamento médico, abalada emocionalmente. O problema é que a diretoria da Sefin se recusa a reconhecer que a servidora adquiriu problemas de saúde no ambiente de trabalho, como crise de ansiedade que se agravou para transtornos depressivo e do pânico.
Porém, ao retornar ao trabalho no dia 15 de abril passado, ainda dependente de medicamentos e com restrição de atendimento ao público, Ileide foi dispensada pela diretora com recomendação aos Recursos Humanos para que ela seja relotada em outro setor. “Não respeitaram sequer o laudo médico, que diz que estou em readaptação até o dia 30 de junho de 2019”, reclama Ileide.
Ela informou que nos dias 15 a 17, 22 e 23 de abril trabalhou no setor interno como designado pelo laudo médico. Depois, foi dispensada. A servidora anunciou que iria entrar com novo boletim policial por assédio moral contra a direção da Sefin. “Eles queriam e querem me prejudicar”, resumiu.
O vídeo gravado na sala
“Acabo de ser agredida na Sefin pela funcionária Ileide, no setor de certidões. Direto para a delegacia fazer um BO. Está tudo filmado… a que ponto chegamos…será que teremos de chamar o Chapolin Colorado… ou Secretário Municipal de Finanças vai tomar alguma atitude…”, disse em sua página no Facebook Patrícia Godoy, a contribuinte que alegou ter sido agredida na Sefin pela servidora.
E ela prossegue: “A população não aguenta mais tamanha falta de respeito. Sr. Secretário, minha certidão não saiu..tem outras prioridades, como blocos, escolas de sambas e demandas do próprio Secretário…hora, hora…tal vez meus impostos (dinheiro) seja diferente dos demais”.
Segundo a versão de Ileide, o que ocorreu é que Patrícia “invadiu a sala” onde a servidora trabalha para constrangê-la, filmando-a dentro do ambiente de trabalho. E mais: Patrícia não quis entrar na fila de atendimento, onde estavam outros contribuintes que buscavam resolver seus problemas, cobrando um atendimento preferencial que não cabia. “Ela disse que eu a agredi, o que não é verdade, por isso respondi ao PAD. Enquadrei ela no artigo 331 do Código Penal, que é o desacato a servidor público”.
Sobre a tal “prioridade às escolas de samba”, expressão usada por Patrícia na rede social, Ileide disse em depoimento no PAD que, de fato, havia essa prioridade, que lhe foi determinada pela diretora a qual é subordinada.
Não assumem
O pior que a direção e a Sefin não assumiram a acusação feita por Patrícia, jogando tudo nas costas de Ileide e tirando o corpo fora. “Tive de contestar tudo isso em minha defesa”, explicou a servidora. Nesse depoimento no PAD, quando Ileide foi perguntada sobre o assunto, declarou que deu prioridade aos processos das escolas de samba porque havia recebido ordem da diretora.
Outros servidores, que preferem não se identificar, temendo represálias, confirmam as declarações de Ileide. E vão mais longe: eles próprios também sofrem assédio diário e pressões, até de empresários e participantes de processos de licitação, que vão à Sefin se dizendo “amigos do Zenaldo”, o prefeito e e exigindo prioridade no despacho desses processos.
“É um ambiente ruim, não se respeita o trabalhador, tem gente que invade sala e desacata mesmo, ameaçando a gente de agressão se não despachar logo o pedindo, e prometendo pedir nossa cabeça” ao secretário da Sefin e ao prefeito”, afirmou um servidor. O Ver-o-Fato tenta, mas ainda não conseguiu, ouvir diretamente a versão da Sefin e do gabinete do prefeito.
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