Ele venceu um câncer. Após ser diagnosticado com leucemia, Neto Lima teve que encarar um transplante de medula óssea para ratificar sua enorme vontade de viver e fazer algo também em favor daqueles que apresentam, como ele, algum tipo de deficiência, visual ou física.
Para Neto Lima, que ficou cego há dois anos em razão do câncer que superou, nada se compara ao preconceito e à discriminação dentro do próprio partido político, o Democratas, pelo qual decidiu sair candidato a uma vaga na Câmara Municipal de Belém.
Além de não receber o parco recurso que o partido havia prometido para a campanha dele, reclamar e não ser atendido, até a campanha eleitoral de Neto Lima na televisão e no rádio foi prejudicada, limitando-o a apenas uma aparição no horário gratuito Tribunal Regional Eleitoral (TRE). É uma denúncia a ser apurada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE)
O direito, que deveria ser de igualdade e rodízio nas inserções, foi sonegado para que uma minoria de candidatos da “panelinha” do DEM – escolhidos pela cúpula como os que devem ser “eleitos” vereadores – pudesse aparecer mais e a toda hora no horário político.
Indignado com o que ocorre no partido, ele procurou o Ver-o-Fato para criticar a postura do DEM, que de democrata, para ele, não tem nada. “A proporção em que esses candidatos favorecidos na campanha aparecem é de 10 para 1, enquanto a maioria não tem vez nem espaço no tempo concedido pela Justiça Eleitoral, porque o partido manipula quem deve ou não aparecer “, desabafa o candidato.
Sobre o recurso para a campanha, ele soube que iria receber apenas R$ 400, depois de muito cobrar o que lhe é de direito. “Eu abri mão e não quero esse dinheiro, que não dá para nada das despesas de uma campanha eleitoral. Isso chega a ser ridículo”, afirmou Neto Lima.
De acordo com pesquisa no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem candidato a vereado do DEM de Belém que recebeu do Fundo Eleitoral R$ 90 mil, outros cerca de R$ 10 mil, R$ 4,5 mil, enquanto a maioria pouco mais de R$ 1 mil. Isso ratifica a denúncia feita pelo candidato.
“Eu gostaria muito que o máximo de portadores de deficiência visual de Belém pudesse ter acesso ao dispositivo Orcam MyEye. Eu tive a oportunidade de fazer o teste em Belo Horizonte (MG) e posso afirmar que esse dispositivo dá independência para nós portadores de deficiência visual. É um óculos que facilita muito a vida de quem possui baixa visão”, disse.
Ele também recomenda outro aparelho, a bengala inteligente WeWalk, que é possível de se colocar na mão dos portadores de deficiência visual. Trata-se de um dispositivo sonoro que alerta sobre algum obstáculo à frente de quem caminha com a bengala na mão.
O espaço está aberto á manifestação do DEM. A última vez em que foi procurado, o diretório nacional e o estadual do partido não se manifestaram sobre a denúncia de manipulação de recursos.