De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), devido ao caráter epidêmico e pelos índices crescentes de mortalidade, o câncer é o principal problema de saúde pública do mundo. De modo geral, a incidência e a mortalidade por câncer vêm crescendo no planeta. Uma das razões para o crescimento da incidência é o aumento da expectativa de vida da população, já que o câncer é uma doença da terceira idade. A mais recente estimativa mundial, do ano de 2018, aponta que ocorreram no mundo 18 milhões de casos novos de câncer e 9,6 milhões de óbitos.
Segundo o INCA, no período de 2020 a 2022, o Brasil terá 1.875.000 novos casos de câncer. Ou seja, só em 2022, sem considerar a subnotificação, a incidência da doença no País será de aproximadamente 625 mil novos casos (considerando a subnotificação estimada, seriam 685 mil). Desde que o Instituto Nacional de Câncer iniciou o monitoramento anual dos casos de câncer, no final da década de 1970, os números não pararam de aumentar.
“No Brasil, temos um motivo muito claro para o crescimento da incidência e da mortalidade, que é o baixo investimento em prevenção. Em 2019, mais de 90% dos países de alta renda relataram que serviços abrangentes de tratamento para câncer estavam disponíveis no sistema público de saúde. No grupo dos países de baixa renda apenas 15% declararam essa condição, segundo levantamento feito pela OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde”, compara a médica oncologista Paula Sampaio.
“Quando falamos em prevenção, é sempre bom lembrar que existem 2 tipos. O primeiro tipo é o que chamamos de prevenção primária, que significa ter um estilo de vida saudável. Se alimentar bem, praticar exercícios físicos regularmente, não fumar, controlar o peso corporal e o consumo de bebida alcoólica, dormir bem e se proteger do sol resume bem o que é um estilo de vida saudável. Esse tipo de prevenção pode evitar cerca de 30% dos cânceres, que são aqueles diretamente relacionados com os nossos hábitos. O segundo tipo de prevenção é a secundária, que são medidas que devem ser tomadas para assegurar o diagnóstico precoce. Essas medidas não evitam o câncer, mas, atenção, salvam vidas. Exemplo de prevenção secundária: todas as mulheres, a partir dos 40 anos, devem ter anualmente uma consulta com um especialista e fazer o exame de mamografia com o objetivo de detectar precocemente o câncer de mama. Quando o câncer é descoberto no início, as chances de cura são superiores a 90%”, explica Paula Sampaio.
Segundo um estudo inédito da Varian Medical Systems, empresa de softwares e equipamentos para tratamentos oncológicos, em parceria com a The Economist Intelligence Unit (EIU), o Brasil tem uma taxa de mortalidade de câncer de 91 a cada 100 mil habitantes, mais alta que a média da América Latina, que é de 87.
Dia Mundial do Câncer – O Dia Mundial do Câncer foi criado pela União Internacional Contra o Câncer (UICC) em apoio aos objetivos da Declaração Mundial do Câncer, lançada em 2008. A cada 4 de fevereiro, um esforço coletivo e mundial é realizado para conscientizar a população e as autoridades sobre a prevenção e o controle da doença, com o objetivo de diminuir o número de mortes causadas pela doença.
No Brasil, o tipo mais comum é o câncer de pele não melanoma, que deve atingir mais de 177 mil casos até o final de 2022. *Os outros tipos de maior incidência no Brasil, segundo o INCA, são:
*Com exceção do câncer de pele, que é o de maior incidência no mundo todo.
· Câncer de mama, com 66.280 casos
· Câncer de próstata, com 65.840 casos por ano
· Câncer de cólon e reto, com 40.990 casos
· Câncer de pulmão, com 30.200 casos
· Câncer de estômago, com 21.000 casos por ano no Brasil
Avanços no tratamento – medicina de precisão
“As terapias mais modernas de combate ao câncer, quando não oferecem a cura ou remissão da doença, aumentam a sobrevida a ponto de o câncer virar uma doença crônica, em que o paciente, medicado, leva uma vida normal. Temos experimentado avanços importantes na oncologia nos últimos 5 anos. Tratamentos com melhores resultados e menos efeitos colaterais”, comemora a oncologista.
Imunoterapia – Eleita pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) como o maior avanço contra o câncer nos 5 últimos anos, a imunoterapia, mais especificamente em sua forma mais recente, a imunomodulação aplicada à oncologia, é um tratamento inovador, que ainda está em desenvolvimento.
A terapia consiste na modulação (ou regulação) do sistema imunológico para potencializar a capacidade do corpo de enfrentar enfermidades. Isso é possível através do uso de substâncias que estimulam as defesas naturais do corpo de uma forma geral e/ou ajudam a identificar as células cancerígenas e a reagir contra elas.
A nova imunoterapia – ou imunomodulação – está construindo um novo ramo na oncologia, ensinando o corpo a identificar essas células como ameaças ou ainda fornecendo mecanismos mais eficazes para combatê-las. Além disso, ela pode ser associada com as formas de tratamento já empregadas, como as terapias-alvo, quimioterapias e radioterapia.
Terapia alvo – Baseada em medicamentos desenvolvidos para agir sobre alterações genéticas específicas, a Terapia Alvo-Molecular tem se consolidado como um tratamento que representa um grande avanço em relação à quimioterapia. A partir de testes moleculares realizados no tumor, é possível conhecer em detalhe as alterações bioquímicas, o que permite o uso de drogas com atuação voltada para a mutação identificada.
“É uma mudança de paradigma. Antes se recomendava a mesma quimioterapia para um mesmo tipo de câncer. Hoje, a tendência é uma abordagem individualizada. O resultado disso pode ser visto nos casos em que há mutação genética, pois o uso desses medicamentos dobra a duração da resposta, ou seja, o tempo em que o tumor é controlado”, explica a médica.
Na terapia-alvo, administrada via oral (comprimidos ou cápsulas) ou intravenosa, as substâncias desenvolvidas para identificar as células cancerígenas bloqueiam a expansão e o alastramento do câncer. É um tratamento menos danoso às células saudáveis, entretanto, sua indicação depende das características do tumor e das condições clínicas do paciente.
A terapia-alvo também pode ser combinada com outros tratamentos, como a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia.
Oncogenética
Vinte anos atrás, testes de DNA, estudos de genômica e sequenciamento genético faziam parte de um futuro que parecia distante. O mapeamento do Genoma Humano, em 2003, provocou uma revolução do conhecimento biológico e as descobertas decorrentes possibilitaram entender, entre tantas coisas, a origem dos tumores.
Com o diagnóstico genético, o médico pode adotar medidas mais adequadas para o paciente, implementando, quando possível, medidas que previnem o câncer ou que favorecem o diagnóstico mais precoce.
Além disso, a área de testes genéticos tem avançado também em outros aspectos. Há grandes avanços na identificação de novos genes de predisposição e na caracterização de novas síndromes de predisposição ao câncer. Esses indicadores são gerados em pesquisas e organizados em bancos de dados. De forma simplificada, esse conhecimento gera subsídios para desenhar terapias com o intuito de bloquear, por exemplo, os genes ativados no tumor.
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