O impacto e as consequências das ideias, posições e ações de Henry David Thoreau, tudo que ele iniciou no pequeno condado de Concord, no Estado de Massachusetts, quando nasceu
em 12 de julho de 1817, nos Estados Unidos da América, atravessaram fronteiras internacionais rapidamente. Dois exemplos – Tolstoi e Gandhi, são suficientes para mostrar como elas levaram alento e transformações às lutas pelas libertações humanas.
Na Rússia, ao descobrir Thoreau, em 1880, Liev Tolstoi já internacionalmente célebre por seus dois grandes romances Anna Karenina e Guerra e Paz além do breve e luminoso A Morte de
Ivan Ilitch, interrompe suas atividades de escritor para se devotar inteiramente, nos últimos 30 anos de sua vida humana, às causas sociais – sobretudo a dos miseráveis mujiques russos – que seriam os personagens esmagados de outro dos maiores escritores russos, Nicolai Gogol, na obra em que aparecem, no título, como eram identificados por seus proprietários – Almas Mortas – sendo consideradas almas vivas somente a dos ricos senhores feudais – cuja riqueza era avaliada pela quantidade de almas mortas que possuíam como seus escravos.
Quanto a Gandhi – digamos primeiro quem ele foi: o indiano que, sentado, expulsou os ingleses da Índia, que já ocupavam há dois séculos, desde o reinado da abominável obscurantista Rainha Vitória. Sentado? Sim, sentado. Como? Por um Ato de Vontade, foi como Gandhi expulsou os ingleses da Índia através do que o Ocidente só consegue entender como resistência pacífica, mas não é: – um Ato de Vontade é concedido a uma pessoa que está perfeitamente situada em seu lugar na Vida, e assim em harmonia com o Universo – conta-se, para ilustrar, a história de uma mulher pobre que fez o rio Ganges correr ao contrário, por Ato de Vontade, desafiada a fazer isso por um imperador que se considerava o homem mais poderoso do mundo, mas isso não conseguia fazer.
Gandhi revelou ao povo indiano o texto de A Desobediência Civil, de Thoreau. Em carta a um amigo ele conta: – Transcrevi parte de A Desobediência Civil para os leitores do Indian Journal,
na África do Sul, e publiquei longos trechos na seção inglesa do jornal. Este ensaio me pareceu tão convincente e verdadeiro que senti necessidade de saber mais a respeito de Thoreau,
acompanhando sua vida, travando contato com seu livro Walden e outros ensaios que se lê com muito prazer, retirando dele muitos benefícios.
Este foi o Thoreau que, mais tarde, se tornaria a Voz mais alta por trás das vozes que se ergueram na América do Norte contra a Guerra no Vietnã. E também a bíblia dos caminhos do
Movimento Hippie – que se juntou à onda Beat, também por Thoreau inspirada, tendo à frente Na Estrada, o célebre romance de Keroac.
Estaremos aqui ainda com Henry David Thoreau nas próximas duas VIDA.
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