O presidente Jair Bolsonaro participou, na tarde desta sexta-feira (114), da solenidade de inauguração de um trecho pavimentado da BR-163, em Miritituba (PA). A rodovia, importante via de ligação de Mato Grosso com portos do Rio Tapajós, no Pará, começou a ser construída na década de 1970, mas só foi concluída ao longo do último ano. A obra foi executada por dois batalhões de engenharia e construção do Exército, que resultou no asfaltamento dos últimos 51 quilômetros que faltavam.
“É um momento de alegria, depois de 40 anos de sofrimento. Essa obra começou a ser tratada pelo governo ainda na transição em 2018. Governar é eleger prioridades e buscar não deixar obras paradas”, afirmou o presidente, em seu discurso.
Caminhoneiros que escoam a produção agrícola de Mato Grosso até o porto de Miritituba demoram mais de uma semana para percorrer um trecho de pouco mais de mil quilômetros, que liga as duas regiões. Agora com a pavimentação esse tempo será reduzido.
O estado de Mato Grosso é o maior produtor de grãos do país, líder na produção de commodities como soja, milho e algodão. “A logística sempre foi o maior obstáculo para esse crescimento. É muito importante para nós, hoje, estarmos presenciando esse marco”, disse o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes. Segundo ele, a rodovia será responsável, este ano, pelo escoamento de mais de 14 milhões de toneladas de grãos.
“Os caminhoneiros mereciam que essa rodovia fosse pavimentada, eles mereciam essa consideração do Estado brasileiro com eles”, disse o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes. A pasta foi responsável pela execução da obra. Ele prometeu concluir também a pavimentação de outras rodovias, como a BR-158, a BR-174 e a BR-230.
Bolsonaro afirmou que a conclusão desse trecho da rodovia representa um “momento de alegria” para os moradores da região, após “40 anos de sofrimento”.
Ele disse que começou a discutir a obra ainda na transição de governo, em 2018, após vencer a eleição. A conclusão do trecho estava entre as prioridades da gestão.
“Governar é eleger prioridades. É também não buscar deixar obras paradas. Não é inventar obra para aparecer para ser reeleito lá na frente”, afirmou. “Não estou preocupado com reeleição. A reeleição é algo natural. Se você trabalhar, ela vem.”
No discurso, Bolsonaro voltou a criticar o que considera um excesso de demarcação de terras indígenas e quilombolas no país.
“Não demarcamos nos últimos 13 meses uma só terra indígena. Já temos 14% do território nacional demarcado como terra indígena. Criaram uma verdadeira indústria de demarcações”, disse.
Bolsonaro citou como exemplo os índios da etnia Parecis, que plantam soja há quase 20 anos, em uma área de mais de 10 mil hectares, na região de Campo Novo do Parecis.
Para o presidente, a política de governos anteriores para questão de demarcações era “equivocada” e atendia “interesses” estrangeiros. “Gostamos, queremos o bem, amamos nossos irmãos índios, a política implementada é totalmente equivocada e atendia aos interesses de outros países.”
Segundo Bolsonaro, foi por isso que um “chefe de um grande estado da Europa atirou de modo figurativo” no presidente brasileiro. Ele, no entanto, não citou o nome do presidente da França, Emmanuel Macron, com quem trocou farpas em 2019 sobre a preservação e soberania da Amazônia.
Bolsonaro defendeu a agricultura em terras indígenas e disse que enviou ao Congresso um projeto de lei que regulamenta a mineração e a geração de energia elétrica nessas áreas. O texto abre a possibilidade de as aldeias explorarem as terras em outras atividades, como agricultura e turismo.
“Queremos que nesse projeto, índio tenha o mesmo direito que seu irmão fazendeiro do lado tem. Garimpar, cultivar, arrendar sua terra, se for o caso construir PCHs [Pequenas Centrais Hidrelétricas], construir hidrelétricas. O índio é nosso irmão, estamos buscando integrá-lo a sociedade”, discursou.
Durante a cerimônia, Bolsonaro condecorou alguns militares do 8° Batalhão de Engenharia de Construção (8º BEC) que trabalharam na obra.
Queda no frete
Segundo o Movimento Pró-Logística, que representa os produtores que pagam pela carga transportada por caminhoneiros, o valor do frete por tonelada na BR-163, no trecho entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), caiu de R$ 230 em média, no ano passado, para cerca de R$ 170 neste ano.
O principal motivo foi a conclusão da pavimentação da rodovia.
Em 2019, a viagem do caminhão de sete eixos, que transporta 38 toneladas, custava, em média, R$8,7 mil. Esse ano, a mesma viagem, vale, em média R$ 6,5 mil – economia da ordem de 26% para os produtores que pagam pela carga.
O valor do frete praticado leva em conta fatores como a distância percorrida, assim como facilidades e dificuldades enfrentadas na rodovia, como a pavimentação da via, por exemplo. A viagem fica mais barata porque o caminhoneiro faz mais viagens e gasta menos tempo no deslocamento e no tempo de parada.
Segundo o Comando Militar do Norte (CMN), em torno de 650 caminhões bitrens transitam diariamente em cada sentido da rodovia, com carga de soja e milho, principalmente.
Acidente com militares
Um grupo de cinco militares que seriam condecorados pelo presidente Jair Bolsonaro durante a solenidade de inauguração da BR-163, no Pará, sofreram um acidente de carro na manhã desta sexta-feira (14), em Novo Progresso, sudoeste do Pará. Segundo o Comando Militar do Norte, o acidente aconteceu por volta das 7h, no quilômetro 1000 da própria rodovia que seria inaugurada.
De acordo com o Exército, a viatura que seguia para a solenidade de inauguração colidiu com uma carreta. Quatro dos militares sofreram escoriações leves e foram atendidos no local. Um quinto militar precisou ser levado para o hospital do município de Novo Progresso.
O Exército afirma o militar que foi levado para o hospital é o coronel Carlos Octávio Krawutschke Cardoso. Os outros militares, segundo informações atualizadas, teria sofrido ferimentos leves. ( Do Ver-o-Fato, com informações da Agência Brasil e O Globo)
Discussion about this post