Humanizar o atendimento às pessoas com problemas psicossocial para além do atendimento no consultório médico, por meio de atividades lúdicas com a arte e a natureza. Este é o objetivo da prefeitura de Belém ao inaugurar a Casa Mental do Adulto Marisa Santos, o Centro de Atenção Psicossocial tipo III (Caps III), localizada travessa Dom Romualdo de Seixas, no bairro de Nazaré.
Entregue na manhã desta quinta-feira, 24, o prefeito, Edmilson Rodrigues, e o secretário municipal de Saúde (Sesma), Maurício Bezerra, discerraram a placa de inauguração da casa mental. O prédio foi totalmente revitalizado para iniciar um serviço histórico na capital paraense e na perspectiva de revolucionar o cuidado à saúde mental.
O espaço atende durante 24 horas as pessoas com idade a partir de 18 anos, pacientes de transtornos psíquicos graves e persistentes e, para isso, conta com espaço também para a internação.
A entrega do Centro de Atenção Psicossocial tipo III é uma ação afirmativa da política pública municipal no atendimento acolhedor ao paciente e a seus familiares, focado a oferecer um atendimento completo, no sentido de revolucionar esse tipo de atendimento no município.

Em conversa com os profissionais da Casa Mental, o prefeito Edmilson comentou que o trabalho humanizado envolve diversas atividades relacionadas. Por esse motivo, conta com uma equipe multiprofissional – psiquiatra, clínico geral, psicólogo e enfermeira.
“A saúde pode ser feita de forma integrada a outras dimensões das políticas públicas e, por esse motivo, outras atividades estão aqui incluídas, como voltadas para a arte e à agricultura, envolveno os usuários para humanizar o sistema, considerando que essas pessoas são vítimas de preconceito que agride a sua dignidade”, ressaltou o prefeito de Belém.
Tratamento completo
O atendimento completo e digno é o que vislumbra o vigilante André Machado, de 42 anos. Na opinião dele, é essencial para que o atedimento psiquiátrico seja eficaz. “Sou muito bem atendido aqui, os médicos são excelentes e tenho medicamentos à disposição quando o médico receitua. Aqui, além do atendimento, temos as atividades de passeio e exercício físico e com pessoas que são sempre solícitas com a gente”.
A dona de casa, Maria Tereza Gonçalves, de 72 anos, também elogiou o atendimento na Casa Mental, e enfatizou que “aqui eles me atendem muito bem e com ótimos médicos. Todos são muito atenciosos”.
Homenagem
A visão revolucionária do atendimento humanizado nasceu do amor ao próximo da enfermeira Marisa das Graças Paiva Costa dos Santos, que por 16 anos dedicou a sua vida profissional à redede de atenção psicossocial. Ela foi uma profissional que atuou de forma pioneira no atendimento humanizado, promovendo a saúde mental por meio da arte e do canto Coral.
A enfermeira faleceu aos 45 anos, em abril de 2021, em decorrência a complicações da covid-19. O esposo de Marisa, Cláudio dos Santos, acompanhou emocionado a inauguração do espaço. “Ela amava esse trabalho e para mim é uma honra ver o nome dela aqui na casa (Casa Mental), isso me emociona, porque ela tinha tanto amor pelo trabalho, mais ainda por ver que a casa vai ajudar tantas pessoas”.
Estrutura
O espaço possui três salas de atendimento individual, mais três salas para atendimento em grupo, dois quartos com cinco vagas divididas entre feminino e masculino, para acolhimento em tempo integral, além de farmácia com recepção, sala para reuniões técnicas, copa e refeitório.
Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são serviços estratégicos e substitutivos à lógica manicomial de aprisionamento das pessoas e afastamento do convívio social. A lógica do Caps é pautada nas trocas sociais, na atuação territorial e multiprofissional.
O serviço conta com 2.182 usuários cadastrados na rede municipal de saúde, mas com a pandemia da covid-19 tem atendido de 700 a 800 usuários por mês. O espaço começou a funcionar no ano de 1997, como Caps II e, em julho de 2002, se tornou Caps III, passando a funcionar 24h.
“Esse é um equipamento de grande importância social na área de saúde mental. É um serviço multiprofissional que atua com pacientes que possuem transtorno mental. São profissionais de várias áreas, utilizando tecnologia, artes e cultura. A proposta desse serviço é substituir a antiga lógica do atendimento manicomial dos pacientes com transtorno mental, trabalhando de forma lúdica e mantendo sempre a relação do paciente com a família”, explicou o titular da Sesma, Maurício Bezerra.
Para atender pessoas com transtorno mental, o município de Belém conta com quatro Caps: Caps III – Casa Mental do Adulto, que funciona 24h -, CAPS i – Infância e Juventude, Caps AD – Para o público de álcool e outras drogas, e Caps 1 na Ilha de Mosqueiro (atende as demandas de saúde mental do distrito).
Usuários de drogas
A coordenadora municipal de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, Ester Sousa, informa que Belem dispõe também que a unidade de acolhimento oferece um serviço de moradia protegida e é destinado aos usuários de drogas em extrema situação de vulnerabilidade, que realizam acompanhamento no Caps AD por necessitarem de um período de afastamento. “Para o tratamento clínico, essas pessoas ficam morando temporariamente na unidade de acolhimento de adultos, onde ficam até seis meses”.
Ela informa que, para a ampliação do atendimento na área da saúde mental, a Prefeitura de Belém tem o projeto de implantar as chamadas residências terapêuticas para egressos dos sistema prisional e pessoas com acometimento metal grave que perderam vínculo familiar e se encontram em situação de rua. (Com informações da Comus)