Em clima de consternação e revolta, o cidadão Marcos Vinícius Barbosa Brandão, de 37 anos, e a companheira dele, Débora Lima de Assunção, de 35 anos, foram sepultados na tarde desta segunda-feira (19), em um cemitério particular da Região Metropolitana de Belém.
Os dois foram assassinados pelo guarda municipal da capital, Paulo Sérgio Moraes, no início da madrugada de domingo (18), na frente da casa deles, na Passagem Doutel, no Bairro da Pedreira, após uma discussão por causa do volume do som do casal. O crime foi o desfecho de uma relação conturbada entre o criminoso e as vítimas, que eram vizinhos.
O velório das vítimas foi realizado durante a manha, na oficina de Marcos, localizada na mesma passagem onde ocorreu o duplo homicídio, de onde ele tirava o sustento da família. Segundo familiares, ele deixou três filhos menores, enquanto Débora deixou órfãos dois filhos, também menores.
Até o final da tarde desta segunda-feira, o guarda municipal estava foragido. Ele teria entregue a arma usada no crime a seus superiores e desde então não foi mais visto. A Delegacia de Homicídios abriu inquérito para apurar os crimes.
Tiros foram disparados pelas costas
Irmãos, vizinhos e amigos das vítimas afirmaram que os dois foram mortos pelas costas, o que configuraria execução. Segundo as narrativas, o guarda municipal teria chegado em casa e reclamado do volume do som na casa dos vizinhos, que se divertiam com amigos.
Mesmo tendo sido atendido, disseram as testemunhas, ele teria entrado na casa dele e voltando com uma arma em punho. “Quando a Débora viu a arma na mão do guarda, ela foi abraçar o marido para ficar na frente dele, pensando talvez que o guarda não fosse atirar, mas ele disparou nas costas dela. Ela caiu e quando o marido tentava socorrê-la, levou tiros nas costas. Os dois morreram juntinhos”, afirmou uma testemunha.
Vizinhos contaram que o assassino e Marcos se conheciam desde criança, pois cresceram juntos na mesma rua, mas que o criminoso mudou de comportamento de uns tempos para cá. “Ele passou a arrumar encrenca com todo mundo, cortava as bolas das crianças e já tinha feito uma queixa contra os vizinhos por causa do som, que nem era tão alto, pois os outros vizinhos não reclamavam, só ele”, disse um morador da passagem.
Segundo parentes das vítimas, o caso sobre o volume do som foi parar na Justiça, mas o casal ganhou a causa, deixando o guarda furioso. Na hora do crime, por volta de 0h30 de domingo, o guarda teria voltado de um culto em uma igreja.
Mudança da família do assassino
A Guarda Municipal de Belém informou que a família do acusado solicitou apoio, relatando possível retaliação contra familiares na entrada da residência deles. E por esse motivo foi realizada a mudança de toda a família, que inclui crianças e a mãe do servidor, que morava com ele, no sentido de proteger a integridade física dos familiares.
A Guarda disse, ainda, que a chefia de gabinete, inspetores e o corpo jurídico da GMB estiveram no local e conversaram com os familiares das vítimas, se colocando à disposição para qualquer situação. E que foi aberto um procedimento administrativo para apurar a conduta do guarda.
O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, divulgou comunicado lamentando o fato.