Um evento que deveria ser um espaço de celebração cultural e literária se tornou palco de polêmica e indignação. Durante a Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, realizada em Belém, uma performance com gestos obscenos e falas de teor erótico, apresentada diante de crianças e adolescentes, chocou muitos dos presentes e gerou uma onda de críticas nas redes sociais.
O vídeo da apresentação, que circula amplamente na internet, mostra cerca de um minuto de uma performance que, para muitos, foi totalmente inapropriada para o contexto do evento. A presença de um público jovem na plateia torna a situação ainda mais preocupante, pois o conteúdo exibido na apresentação não condizia com o ambiente familiar e educativo que a Feira do Livro historicamente propõe.
A Secretaria de Estado de Cultura (Secult), responsável pela organização do evento, emitiu uma nota oficial em resposta à repercussão negativa. No comunicado, a Secult enfatizou que a Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes é um espaço dedicado à promoção da diversidade cultural, acolhimento e expressão das múltiplas vozes do povo paraense. No entanto, a secretaria evitou abordar diretamente o conteúdo controverso da apresentação, preferindo reiterar seu compromisso com a pluralidade cultural.
Embora a defesa da diversidade seja uma bandeira importante, o episódio levanta uma questão crítica: até que ponto a provocação e o choque podem ser justificados como formas de expressão cultural em eventos públicos, especialmente quando há crianças e adolescentes envolvidos? A pretensa reafirmação cultural, por meio de gestos obscenos e palavrões, acaba por desvirtuar o propósito educativo e inclusivo que um evento como a Feira Pan-Amazônica deveria sustentar.
O caso também expõe uma falha de curadoria e supervisão por parte dos organizadores, que deveriam garantir que todas as apresentações fossem adequadas ao público presente. A falta de uma resposta clara e firme por parte da Secult apenas amplifica a insatisfação e a sensação de que, em nome de uma suposta pluralidade, os limites do bom senso e da responsabilidade foram ultrapassados.
A Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, um dos maiores eventos literários do Norte do Brasil, tem a missão de enriquecer culturalmente a região e promover o encontro de ideias, mas esse objetivo é comprometido quando as expressões artísticas se tornam um veículo de polêmica vazia, ao invés de um catalisador de reflexão construtiva.
É essencial que os organizadores reconsiderem as escolhas feitas para garantir que a Feira continue sendo um espaço de aprendizado e respeito, onde a diversidade cultural possa ser celebrada de maneira adequada para todos os públicos.
VEJA O VÍDEO DA PERFORMANCE OBSCENA
Após a polêmica, a Secretária de Estado de Cultura, Úrsula Vidal, desculpa-se em suas redes sociais, lamentando o ocorrido.
“Nossa Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes tem sido um espaço garantido a todas as expressões culturais e ao exercício pleno da inclusão, da democracia e do fortalecimento de novos protagonismos.
Venho aqui reafirmar meu mais profundo pedido de desculpas ao público da Feira pelo lamentável ocorrido que submeteu parte de nossos visitantes a um conteúdo inapropriado.
Embora façamos todo o esforço para garantir que a Feira reflita a beleza da pluralidade criativa de nossos artistas, um falha que não deveria acontecer acabou ocorrendo.
A responsabilidade já foi apurada e nos comprometemos em fazer o nosso melhor, com ainda mais amor e atenção a cada detalhe deste gigantesco evento literário. Lamentamos imensamente.”
Assista ao vídeo da secretária: