Uma universitária do curso de Direito da Universidade Federal do Pará (UFPA) torna público o tormento diário dela para ir estudar no Campus do Guamá, pedindo a ajuda do Ver-o-Fato para que a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém fiscalize os ônibus que fazem linha para a UFPA.
De acordo com ela e com outros universitários, a maioria dos coletivos que fazem linha para a UFPA não tem elevador para o acesso de cadeirantes, e os que tem estão com o equipamento quebrado.
Adrilene Barroso passou no vestibular da UFPA e veio de Vila Maú, distrito de Marapanim. para estudar em Belém no período mais crítico da pandemia de Covid-19. Agora, começaram as aulas presenciais e ela tem que pegar ônibus para ir e voltar da Universidade.
Ela sai às 13h da aula, mas fica até 15h, sozinha. Na semana passada, saiu 18h, pegou ônibus quase 21h. Esse é o drama de muitos outros cadeirantes da cidade, que são humilhados por essas empresas detentoras de concessão pública de transporte coletivo que fazem o que bem entendem na capital paraense e não são punidas.
A universitária quer apenas ter o direito dela de se locomover garantido pelas autoridades, pois precisa assistir às aulas todos os dias sem sofrimento. Ocorre que a maioria dos coletivos não possui acessibilidade para cadeirantes e ninguém toma providências.
Segundo Adrilene, ela passa de duas até três horas sozinha no terminal da UFPA até conseguir pegar um coletivo adaptado para voltar para casa. Isso em uma cidade onde o governo propaga que implanta a inclusão social em todos os setores.
Na verdade, o transporte público de Belém exclui completamente os cadeirantes, ao deixar de cumprir a legislação e disponibilizar veículos equipados para atender essas pessoas, que têm direitos iguais a todos os outros cidadãos e cidadãs, pois pagam impostos, trabalham, estudam e votam.
Porcarias ambulantes
Além de não cumprir a legislação, desprezando os cadeirantes, uma grande parte dos ônibus que trafega em Belém oferece perigo constante a todos os passageiros. Além do calor infernal e de alguns motoristas desorientados.
Enferrujados, com pedaços de ferro expostos, portas caindo aos pedaços, bancos velhos e soltos, pneus carecas, janelas com vidros quebrados, entre outras armadilhas, os coletivos da capital paraense nunca poderiam circular em uma cidade organizada, onde houvesse fiscalização séria e os políticos não fossem teleguiados por empresários.
Pior, os donos dessas geringonças apelidadas de ônibus ainda querem reajuste acima da inflação, Deveriam ter vergonha na cara, se é que alguma vez tiveram.