Os movimentos sociais de Belém se mobilizam neste domingo (29), a partir das 9h para um ato por justiça climática. A concentração será na escadinha da Estação das Docas e as lideranças dos movimentos pretendem fazer uma caminhada até a Praça da República, subindo até a Avenida Presidente Vargas.
Desde o início de setembro a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal estão assolados com queimadas, inclusive, criminosas e alarmantes. O cenário é preocupante e emergente, diante disso diversas organizações da sociedade civil estão organizando um ato para cobrar do Poder Público respostas aos eventos climáticos extremos.
Na última quarta-feira (25), diversas lideranças indígenas do Pará usaram as redes sociais para se manifestar sobre a venda bilionária de créditos de carbono para multinacionais e países. Segundo elas, não houve consulta livre, prévia e informada por parte do Governo Helder, como prevê a Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário.
O coordenador do Greenpeace Belém, Rui Gemaque, conversou com a equipe de reportagem do Portal Ver-o-Fato e afirmou que hoje “estamos num momento crítico, onde eventos climáticos extremos estão mais potentes e mais frequentes”.
Boa parte do mundo, segundo ele, não está adaptada para essas tragédias e, populações que sofrem com desigualdades sociais, sofrem ainda mais nesse contexto caótico. “Mulheres, pessoas pretas, população LGBTQIAPN+… pense em todas as minorias políticas, elas são as mais afetadas pelas injustiças climáticas”, destacou.
“Esperamos dar o recado que a sociedade civil está atenta às atitudes de governantes e empresas que agridem o meio ambiente (isso incluindo as pessoas) em troca de lucro e “desenvolvimento”. É importante Belém participar dessa movimentação, entre outros muitos motivos, porque sediará a conferência das partes em 2025, a COP 30.
Apesar do evento ter viés ambiental, aparentemente, muito se vê negociações que não nos favorecem socioambientalmente. Petróleo, minérios, terras… a lista é grande. Vamos às ruas pra defender a cultura popular, os povos tradicionais da Amazônia, do Brasil e do mundo, nossos territórios urbanos e rurais; também exigir compromisso de fato com as pautas ambientais e climáticas”, prosseguiu.
“Não há mais tempo pra falas bonitas, precisamos de atitudes, ações ousadas que transformem a lógica do mercado, que busquem transição energética e proximidade com a Terra. Um futuro ancestral é a solução”, concluiu Gemaque.
Questões cruciais
Para Paulo Nobre, diretor da Rede Crias do Umari e estudante de Engenharia Ambiental/Lic.História, “os principais objetivos do ato é pressionar o Governo do Estado e fazer barulho. O governador precisa entender que os ativistas ambientais têm um compromisso com a pauta do meio ambiente para além da COP30, pensando também no futuro das nossas vidas. A gente quer fazer esse barulho, mas também sentar com mais calma com a Secretaria de Meio Ambiente, e ainda, quem sabe com o Ministério do Meio Ambiente para debater a emergência climática no Pará”.
Diz ainda Nobre ser preciso repensar o futuro da economia e do país. “A ação humana, mais especificamente dos latifundiários, que promovem o modelo desenvolvimentista e capitalista a qualquer custo, está esgotando os recursos naturais ao mesmo tempo que aumenta as emissões de CO2 e deixam o planeta mais quente”.
Segundo João Santiago, professor de Ciências Sociais e Coordenador do Sintsep – Pa, “A emergência climática não é natural. Ela é consequência da expansão das monoculturas do agronegócio.”
Dados do observatório europeu Copernicus, mostram que o Brasil tem sido um dos países que mais têm emitindo CO2. De janeiro a setembro de 2024, a Amazônia acumulou mais 82 mil focos de calor. A emergência climática do Brasil é uma preocupação internacional.
“O agronegócio em nome do lucro desmata e destroi. Precisamos cobrar o Governo, principalmente, sobre o Plano Safra. Nenhum centavo a mais para o agronegócio que queima nossas matas e florestas!” finaliza João.
Sobre o calor e as altas temperaturas, Paulo Nobre, que mora na região metropolitana em Marituba, também comenta sobre a urgência do Poder Público “Pensar num futuro verde, sem ter que concretar toda a cidade e derrubar nossas árvores”
O movimento surgiu de maneira auto-organizada por diferentes pessoas que já trabalham e/ou atuam em prol da defesa da Amazônia. Andreza Soeiro, ativista do Coletivo Muiraquitã, Bioeducadora e moradora do bairro da Cabanagem, periferia de Belém, conta como foi articulado o ato.
“O movimento é auto-organizado por mais de 30 organizações que decidiram se reunir e decidir coletivamente uma ação por Justiça Climática tendo em vista que não podemos fechar os olhos para os acontecimentos recentes do nosso país”. A rede que está sendo chamada de “Greve Pelo Clima em Belém” após o ato pretende seguir realizando ações de educação climática e manifestações em defesa da Amazônia.
Para encerrar o ato os ativistas vão convidar grupos de carimbó para se apresentarem na Praça da República.
SERVIÇO:
| O quê: Ato por Justiça Climática em Belém
| Quando: 29/09
| Horário: A partir das 9h
| Onde: Concentração na Escadinha do Porto do Cais e caminhada até Praça da República
| Entrada: Gratuita
Materiais para divulgação
Contatos úteis: Riane Souza – Contato (91) 98580 7763
Paulo Nobre – Contato (91) 98040 7948
João Santiago – Contato (91) 99334 9231
ORGANIZAÇÕES QUE ORGANIZAM O ATO
1. Coletivo Muiraquitã ✅️
2. Seja Democracia
3. Subverta ✅️
4. Greenpeace Belém ✅
5. Rede Jandyras ✅️
6. Juventude Travessia ✅️
7. Juventude Pajeú ✅️
8. ForestAndFinance ✅
9. Crias do Umari ✅️
10. Juntos Belém ✅️
11. Grupo de Pesquisa e Extensão Pará Leitura (UEPA) ✅️
12. Rádio Ribeirinha Murukutu, emissora do Instituto Idade Mídia Comunicação para Cidadania ✅️
13. Coletivo de Retomada Indígena em Contexto Urbano Mirasawa Rendáwa Murukutu Tupinambá ✅️
14. GAPE (Guardiões e Amigos de Parques Ecológicos) ✅️
15. C.A.C Net Art Work ✅️
16. Coletivo SAAPECA
17. CARTA (Coletivo Articulado do Tapanã) ✅️
18. FPRBF (Frente Dos Proprietários do Residencial Bosque Felizcidade) ✅️
19. Gretta
20. Mohtpa ✅️
21. Ibrat ✅️
22. Coletivo de Juventude do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa)
23. Juventude Manifesta
24. Greve pelo clima Brasil✅️
25. CSP CONLUTAS Pará ✅️
26. Frente ambiental da ujs ✅️
27. Adistrave-UFPA (Associação de Discentes trans e travestis da Universidade Federal do Pará)
28. Projeto Social e Cultural Capokids ✅️
29. Rebeldia Pará✅️
30. Fórum Paraense de Juventudes (FPJ) ✅
31. Movimento Enfrente ✅️
32. União da Juventude Comunista(UJC) ✅️
33. Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) ✅️
34. Coletivo Feminista Marielle Vive ✅️
35. Unidos pra Lutar ✅️
36. Sintsep-PA ✅️
37. CST-UIT ✅️
38. Movimento de juventude Afronte!
39. Resistência- PSOL
40. Associação de Moradores e Produtores Quilombolas de Abacatal-Sítio Bom Jesus (AMPQUA) ✅️
41. VEM – Veganismo em Movimento ✅
42. Comitê Dorothy Stang
43. Akilombamento Morada de Abya Yala-AMAY-COMPAZ
44. Kasa de Todos os Povos Ir. Dorothy de Mãe Preta
45. Ubuntu Ambiental ✅️
46. Coletivo GAYA ✅️
47. FENAMP (Federação Nacional dos Servidores dos Ministérios Públicos Estaduais)
48. ASSIBAMA/PA ✅️
49. PSTU ✅️
50. Movimento de Mulheres Olga Benário ✅️
51. Movimento de Policiais Antifascismo ✅️
52. APROMOVA ✅️
53. Coletivo Castanha ✅️
54. Associação Multiétinica Wyra Kwara ✅️
55. OCA observatório da COP ✅️
56. CUÍRA ✅