Dezenas de manifestantes apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, convocados pelas redes sociais, ignoraram o decreto do governo do estado proibindo aglomerações e realizaram uma carreata na manhã deste domingo, em Belém, com saída da escadinha do Ver-o-Peso. A polícia estava esperando e houve tumulto, com a prisão de 11 manifestantes e apreensão de 18 veículos. Um deles, segundo o Detran, tinha o licenciamento vencido desde 2015 e deve R$ 22 mil de boletos atrasados e multas.
O deputado federal Eder Mauro postou anteontem, 27, na página dele no Facebook, um vídeo de críticas aos “velhos políticos continuistas” e à imprensa por ataques ao presidente Jair Bolsonaro, que defende o retorno do país ao trabalho. Ele, porém, não apareceu na manifestação deste domingo.
Eder Mauro sempre organizou passeatas e carreatas de apoio às medidas de Bolsonaro, mas desta vez não emitiu nenhuma declaração. Preferiu o silêncio. Para alguns bolsonaristas, ele optou por evitar uma rota política de colisão com o governador Helder Barbalho, de quem no plano regional é aliado e com indicações no governo.
Vários vídeos foram postados nas redes sociais com imagens das manifestações e com a polícia reprimindo. Um dos manifestantes, o coronel da reserva da Polícia Militar, Alcebíades Maroja, postou na rede social que estava detido na Delegacia da Sacramenta, mas não deu maiores detalhes.
Em um dos vídeos, um jovem vestido de camisa amarela e com uma máscara de pano no rosto, reclama que teve seu carro detido e critica a medida. “Acho que a gente está vivendo numa ditadura militar, porque a gente não tem direito de ir e vir. Por ordem de Helder Barbalho”, fala ele, enquanto uma moça ao lado, também com camisa amarela, se queixa: “Querem levar para a Delegacia como se a gente fosse bandido”.
No sábado, o governo do estado recebeu recomendações do Ministério Público e Defensoria Pública Federal e Ministério Público e Defensoria Pública Estadual para tomar medidas que evitem a realização de carreatas ou qualquer outro tipo de aglomeração de pessoas. E que a polícia identifique os responsáveis para apuração de responsabilidades nos âmbitos administrativo, cível e criminal. De acordo com a recomendação, o direito à liberdade de expressão não autoriza que o exercício desse direito coloque vidas em risco.
“Fiquem dentro dos carros”
Na convocação de hoje, os organizados anunciaram que a carreata estava mantida para 9 horas na escadinha do Ver-o-Peso, com normas a seguir, “acatando a recomendação do governador Helder Barbalho”. Ironicamente, as normas orientam os manifestantes a ficarem dentro dos carros com apenas mais uma pessoa; evitarem aglomerações, usarem máscaras e que os pertencentes aos grupos de risco não participem. “Siga todas as orientações da ANS, governo federal, estadual e municipal. Não vamos parar”, diz o anúncio.
Ao final da manifestação, a Polícia Civil do Pará informou que 11 pessoas foram autuadas por iniciarem carreata neste domingo. O delegado-geral Alberto Teixeira disse que cada ocorrência passa por averiguação e pode resultar em liberação ou prisão por formação de organização criminosa, em hipótese mais grave, para os líderes do movimento.
“Em um momento grave como o que estamos vivendo, um movimento como esse é um atentado à vida. Não iremos negociar, pois estamos em um estado de exceção. Continuaremos fiscalizando para que não haja nenhuma aglomeração em todo o estado. As pessoas podem fazer denúncias pelos números 181, que é o disque-denúncia, e o 190 para flagrantes”, declarou.
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